“Aos gritos nas senzalas, às chibatas, ao meu povo, à minha religião, aos meus orixás, aos meus caboclos, ao povo dos morros; das favelas, aos inocentes nos cárceres e a todos os meus Deuses, a eles que agradeço. Foram eles que me deram essa garra”, afirmou Mãe Beata de Yemonjá, em inédito encontro realizado na Reitoria da Pontifiícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Mãe Beata, autoridade do candomblé e idealizadora da proposta de “Mapeamento das Casas de Religiões de Matrizes Africanas no Rio de Janeiro”, emocionou os presentes ao contar sua história, durante a assinatura do protocolo de intenções entre a PUC-Rio e o governo federal para a realização da pesquisa.
O estudo tem o objetivo de contribuir para o fortalecimento das identidades religiosas e evitar o desaparecimento destas tradições. O ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, representou o Estado na cerimônia e destacou a importância do projeto: “A partir do conhecimento dessas religiões podemos fazer políticas públicas e construir mecanismos de assistência”. Também estiveram presentes o reitor da PUC-Rio, Padre Jesús Hortal Sanchez S.J., e Pai Pedro Miranda, presidente da União Espiritista de Umbanda do Brasil.
A intolerância religiosa foi um dos fatores que levaram Mãe Beata a apresentar a idéia à PUC-Rio em 2006. A novidade do projeto é a junção dos dados humanos com a escala da paisagem, o que permitirá um melhor entendimento do local onde estão inseridas as diversas casas-de-santo. O levantamento, que já vem sendo desenvolvido há seis meses pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente (Nirema) da PUC-Rio, foi tomado como piloto do programa federal “Terreiros do Brasil”. A professora do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio, Denise Pini Rosalem, uma das coordenadoras do projeto, definiu a pesquisa como “a construção de uma cultura de paz”.
O reitor da PUC-Rio, Padre Hortal, falou da importância de um entendimento entre as diversas religiões: “É uma grande satisfação ver esse projeto, que é a primeira parte de um diálogo. É importante para a PUC-Rio e para a sociedade, se não nos conhecermos não podemos conversar”. Para o vice-reitor comunitário, Augusto Sampaio, a escolha da PUC-Rio, para coordenar uma pesquisa sobre religiões de matrizes africanas, mostra a seriedade e a credibilidade da instituição. “Precisamos nos conhecer para saber o que temos em comum. É essencial conhecermos a história desse povo africano, todos temos um pouco desse sangue, chega de intolerância”, afirmou.
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