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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cultura

Colégio Pedro II preserva memória imperial

Rodrigo Machado Maia - Da sala de aula

26/09/2008

O escritor Machado de Assis registrou nas páginas de seus livros a vida do Rio de Janeiro. As ruas, casas e o comércio do século XIX compõem o universo que Machado tanto retratou. Desse cenário também fazia parte o Colégio Pedro II, na Avenida Marechal Floriano, a antiga Rua Larga. E a instituição, que em dezembro do ano passado completou 170 anos, abriga o Núcleo de Documentação e Memória (Nudom), um projeto responsável por preservar documentos relativos ao passado do colégio.

Com os arquivos do Nudom, o Colégio Pedro II ajuda na recuperação de um panorama do Rio de Janeiro imperial e republicano. Fundada em 1837, a escola teve o prédio tombado, em 1983, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E durante os 170 anos de existência a instituição reuniu um valioso acervo documental: manuscritos, atas, fotos, pinturas, provas de alunos e livros pessoais de Dom Pedro II estão entre os objetos encontrados na coleção do Nudom. O projeto organiza e cataloga os arquivos para que o público possa ter acesso a esses registros.

Os lugares têm memória. É esta a premissa da professora Vera Lucia Cabana Andrade, coordenadora do Nudom. Sua tese de mestrado,“Pedro II – Lugar de memória”, foi motivo para a criação do projeto. “Queria expandir o conceito de documentação. Também pretendia formar um centro de pesquisa, um acervo. Daí surgiu o Núcleo”, explica a coordenadora.

Criado em 1995, o Núcleo de Documentação só saiu do papel em 1998, quando ganhou um espaço físico para funcionar no prédio histórico da Avenida Marechal Floriano. Não há um dado preciso sobre a quantidade de documentos em posse do NUDOM, mas qualquer pessoa pode consultar o material. Aproximadamente 290 pesquisadores de universidades nacionais e estrangeiras já utilizaram os serviços do projeto.

Para o diretor da Unidade Centro, Flávio Norte, é importante que existam ações como esta. “Iniciativas como o Nudom não só criam acesso à informação, mas também nos fornecem um olhar sobre a nossa trajetória.”, diz Flávio.

O acervo do Nudom tem registros interessantes de diferentes períodos e personalidades da nossa história. Dentre eles podemos encontrar uma foto em que o Imperador Dom Pedro II está ao lado da Princesa Isabel, a prova de admissão do ator Mário Lago, de 1923, além de diversos decretos, atas e anuários do colégio. “Hoje, documento é qualquer coisa que nos dê uma perspectiva histórica sobre um assunto, não somente leis, decretos ou tratados. Um prédio ou uma foto são considerados documentos.”, ressalta Vera.

Atualmente, o Núcleo negocia uma parceria com a Unesco para digitalizar peças raras do acervo. É uma forma de garantir a preservação das obras. Como o livro “História Genealógica da Casa Real Portuguesa”, de 1883, que contém um mapeamento dos integrantes da família real portuguesa, incluindo ramificações nas terras brasileiras. A idéia é que, em breve, o conteúdo do acervo do Nudom fique disponível na internet.

O Colégio Pedro II foi a primeira escola oficial de instrução secundária do Brasil. Foi fundado pelo Ministro do Império Bernardo Pereira de Vasconcelos, quando Dom Pedro II tinha 12 anos. A instituição de ensino foi batizada originalmente como Imperial Colégio de Pedro II, em homenagem ao Imperador-menino. Ela foi criada para ser um modelo de ensino e tinha como objetivo formar a elite intelectual e política do Brasil. Sobreviveu a crises durante o século XX, e atualmente conta com mais de 11 mil alunos distribuídos entre 12 unidades. Hoje, o Colégio Pedro II ainda é considerado uma instituição educacional de referência.

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