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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cultura

Novos talentos da música de volta ao Teatro Ipanema

Matheus Vasconcellos - Do Portal

10/05/2013

 Divulgação

Famoso por abrigar shows de bandas como Capital Inicial, Engenheiros do Havaí e temporadas de cantores como Cazuza, Marina Lima, Marisa Monte, Ed Motta e outros, o Teatro Ipanema ficou por muito tempo esquecido na memória musical dos cariocas. Mas, desde o último fim de semana, o Bikini Festival vem resgatando a história e a tradição do teatro de receber bandas alternativas e um público empolgado.

Produtor e curador musical do festival, Leonardo Feijó, 39 anos, empreendedor cultural e consultor de Economia Criativa no Instituto Gênesis da PUC-Rio, conta que a ideia principal era resgatar o palco de um espaço que tinha a função de promover lançamentos musicais:

– Sempre acompanhei a história do Teatro Ipanema. Não cheguei a frequentar na década de 80, mas sabia que tinha sido um lugar palco muito importante para a música. O Rio tem poucos palcos de pequeno e médio porte, principalmente para novas bandas se apresentarem. Estou sempre procurando novos palcos para promover lançamentos e estimular a cena musical na cidade.

No primeiro dia de shows, na sexta-feira passada, o público pôde reviver um momento especial com a banda Picassos Falsos (foto), que havia tocado no teatro pela última vez há 25 anos.

– Muitas pessoas se emocionaram ao reencontrar o Teatro Ipanema depois de tanto tempo. O palco tem muita história e o lugar é lindo, confortável, foi reformado há pouco tempo e está muito bem estruturado. A acústica é maravilhosa.

Neste fim de semana, as atrações são Tangarás e Biltre, nesta sexta; Lu & Cru e Choque do Magriça, sábado; e Botika e Do Amor, domingo, com exibições do curta de Paulinho Sacramento e Marcelo Mac Viva Eriscon Pires!..e uns amigos. Nos intervalos, há projeção do programa Realce, de Ricardo Bocão e Antonio Ricardo, numa nova edição do diretor Cavi Borges, da Cavídeo. A ideia é ocupar o Teatro Ipanema com nova leva de atrações a cada três meses, conta Leo Feijó, que vai lançar em julho, em parceria com a Casa do Saber, um livro que conta a história da noite no Rio, dos anos 30 aos 90.

Jovem empreendedor carioca

 Divulgação Leo Feijó iniciou sua carreira empreendedora quando ainda era jornalista, no fim dos anos 90. Já interessado em trabalhar com produção cultural desde cedo, o então jornalista teve a ideia de tornar uma casa desocupada da família na Rua da Matriz em um lugar para receber bandas e promover encontros culturais. Nascia a Casa da Matriz:

– Sempre me interessei muito por cultura, mas fui estudar comunicação porque os cursos de produção cultural não eram tão difundidos. Além disso, precisava entender como isso podia se tornar sustentável. Com a Casa da Matriz, aprendi sobre esse tipo de negócio, e foi um grande laboratório. Ali descobri que queria trabalhar com cultura e vi que tinha demanda no mercado. Criamos a nossa própria rede de cultura.

Hoje promovendo projetos em mais de 10 lugares diferentes como a Casa da Matriz, o Teatro Odisseia, o Cinematheque, o Cine Paissandu e o Imperator, entre outros, Leo Feijó ressalta que toda a fonte de renda dos projetos vem da venda de ingressos para os eventos, sem qualquer financiamento público. Para Feijó, que participa ainda do projeto Incubadoras Rio Criativo, o incentivo que o governo oferece é pequeno para a demanda do Rio, mas que há esperança:

– A política pública ainda olha muito pouco para a área de entretenimento. Por exemplo, a área de tecnologia recebe incentivos mais frequentes e mais sólidos. Mas, se mostrarmos que a Economia Criativa tem forte impacto econômico para o Rio, esse quadro vai mudar aos pouquinhos.