A ginástica artística é uma das grandes esperanças do Brasil na Olimpíada, que começa no próximo dia 8. Parte deste sonho foi construída pela rotina exaustiva de saltos, pulos e giros no ginásio do Flamengo, na Gávea. Lá Diego Hypólito tornou-se o favorito para trazer a primeira medalha olímpica brasileira da modalidade. Diego chega a Pequim credenciado pelo ouro no Pan do Rio, em 2007, pelo bicampeonato mundial conquistado no início do ano. Mais que craque, virou ídolo. Impôs-se sobre o tradicional assédio aos jogadores de futebol. Muitos vão até a Gávea só para vê-lo, conta a técnica Viviane Cardoso:
– Sempre alguém o procura, querendo uma foto, um autógrafo. Mas aqui ele é um atleta como outro qualquer, não é tratado como estrela – ressalva a treinadora, ginasta há 25 anos.
Apesar do esforço para conter o entusiasmo e a badalação em torno do principal ginasta brasileiro, Viviane reconhece a importância do ídolo para o crescimento do esporte. O bom desempenho dos brasileiros nos campeonatos internacionais, nos quais Diego vem sendo um dos destaques, mostra-se essencial para impulsionar a ginástica no país do futebol. Troféus geram visibilidade, fãs e novos praticantes.
Todos querem ser Diego Hypólito. Um caminho duro. Os vôos perfeitos, o sorriso de orgulho, os aplausos são conseqüências de anos de determinação e ousadia. Treinos diários, vida disciplinada, abnegação. Assim Diego, Daniele, Daiane, Jade, faces da nova safra, fizeram história. Pequim é o novo capítulo. Mesmo que as medalhas fiquem na esperança, eles já carregam um feito no currículo: ajudaram a tornar a ginástica brasileira mais conhecida e respeitada. No Flamengo, há 500 alunos na escolhinha e 50 em treinamento.
– Os atletas entram cedo para o esporte. Temos turmas com alunos de 2 anos e meio. Quando começam não largam mais. Costumamos dizer que no pó (para eliminar o suor das mãos) que usamos, existe algo mais do que magnésio. As crianças se viciam – brinca Viviane.
Impulsionado pelos ídolos, o crescimento do número de praticantes deriva de um trabalho iniciado nos anos 50, com as primeiras federações de ginástica no Brasil. Em 2002, criou-se o Centro de Excelência de Ginástica Artística, em Curitiba, onde treina a seleção brasileira permanente. Com o apoio de patrocinadores privados e leis de incentivo ao esporte, o Brasil começou a ter conquistas inéditas A contratação de técnicos estrangeiros, como o ucraniano Oleg Ostapenko, foi outro fator importante.
Não há requisitos para se fazer ginástica artística. Para competir em nível olímpico, os técnicos investem em alunos com atributos físicos específicos. A predominância de ginastas de baixa estatura não siginifica que o esporte atrofia o crescimento:
– Isso é mito – esclarece Viviane – O basquete deixa os jogadores grandes? A questão é que para praticar a ginástica em nível olímpico o atleta não pode ser grande, porque o centro de gravidade muda e não permite certos movimentos.
Outros preferem apenas torcer. Como o estudante de Comunicação Social na PUC-Rio Marcelo Scofield. Ele não pratica ginástica, mas adora acompanhar as competições pela televisão:
– Gosto mais de ver os exercícios nas argolas e nas paralelas. Há uns movimentos que não dá para acreditar.
A aposta de Marcelo em Pequim? Diego, é claro.
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