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Rio de Janeiro, 23 de abril de 2024


Cultura

"A animação deixa de ser vista como desenho"

Artur Romeu - Do Portal

15/07/2008

Arrastando os pais pelas mãos, as crianças corriam empolgadas pelo térreo lotado do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Eles se deixavam levar, entravam na brincadeira. Nas salas de cinema, um burburinho marcava o fim de cada curta-metragem exibido. As pessoas se entreolhavam e admiravam-se com a arte de dar movimento às imagens. Assim foi o primeiro domingo da 16ª edição do Festival Internacional de animação Anima Mundi, que se estende até o dia 20 de julho. Para Marcos Magalhães, diretor do festival e professor do departamento de Arte e Design da PUC-Rio, o interesse crescente deve-se, em parte, aos avanços tecnológicos:

– O público começou a ter acesso, graças à internet, aos festivais de animação. Começou a perceber linguagens fora do padrão Disney ou Anime (desenho japonês). Há uma grande diversidade de técnicas, estilos e temáticas que eram desconhecidos. As novas tecnologias tornam os filmes de animação mais acessíveis a um número maior de pessoas – explica o professor.

Durante os 10 dias de Anima Mundi serão exibidos 441 animações, entre curtas e longas, no maior circuito desde o início do projeto, em 1993 – Estação Botafogo, CCBB, Cine Odeon BR e Oi futuro. O programa inclui oficinas que ensinam os participantes a criar pequenas animações.

Marcos Magalhães lembra que, no primeiro ano, o festival exibiu só 144 animações. Em 1994, na segunda edição, não havia produções novas brasileiras. Em 2008, reúne 74 produções nacionais inéditas. Um salto impulsionado, segundo o diretor, por uma mudança cultural: – A animação passou a ser percebida como uma expressão artística, não apenas como desenhos infantis.

As principais empresas do gênero se concentram nos EUA e no Japão. O mercado europeu acordou para as animações nos últimos dez anos.

- A França, por exemplo, é uma grande indústria cinematográfica que nunca tinha dado muito prestígio às animações. Isso começou a mudar há pouco tempo. Já existem bons cursos para a formação de profissionais na área, o que desenvolveu a produção – observa Marcos

Estimulados por esta guinada internacional, em contrates com a carência de uma formação especializada no Brasil, Marcos e Claudia Bolshaw, coordenadora no Núcleo de Animação da PUC-Rio, criaram, em 2004, o primeiro curso de pós-graduação lato sensu do gênero do país, filiado à universidade. O desenvolvimento de um pensamento crítico aplicado à elaboração de animações é um dos principais objetivos do curso. Depois de quatro anos, a iniciativa pioneira formou mais de 100 profissionais, alguns com projetos premiados em festivais nacionais e internacionais, como os curtas-metragens Feira dos Imortais, de Leo Ribeiro; Nessa Rua, de Dinho Marques; e O primeiro João, de André Castelão, sobre o jogador Garrincha.

 Empolgado com a demanda crescente, refletida, por exemplo, na ampliação do circuito do Anima Muni, Marcos prevê um futuro dourado. Ele ressalva que o trabalho com animações não se restringe ao cinema. Observa-se um emprego crescente desta técnica em outras mídias e veículos de comunicação.

- A animação está por toda a parte. Na publicidade, nos layouts de páginas web, no desenvolvimento de jogos de videogame. Quem pretende trabalhar com animação pode se preparar para fazer muita coisa diferente – incentiva Marcos.

Destaques do Anima Mundi 2008:

Como montar um home theater

John and Karen

The Pearce sisters

 Blind spot

Martin Fierro

 Sessao Juan Pablo Zaramella

La svedese

La canilla perfecta

Delgo

Belowars

Idiots and Angels

Sessão Blizzard

Site com a programação: http://www.animamundi.com.br/

Saiba mais sobre o núcleo de animação na PUC-Rio:  http://www.dad.puc-rio.br/nada/