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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


País

Missa por Ruth Cardoso reúne 600 pessoas na PUC

Gustavo Coelho - Do Portal

09/07/2008

 Joana Medina

A Missa de Sétimo Dia por Ruth Cardoso reuniu cerca de 600 pessoas, dia 3 de julho, na PUC-Rio. Políticos, acadêmicos, amigos, parentes e representantes da área cultural foram prestar homenagem à ex-primeira-dama e uma das pensadoras mais representativas da história recente brasileira.

Emocionado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu apoio da filha Beatriz na primeira fila da Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Repetiu as palavras do Salmo Responsorial: “No Senhor ponho a minha esperança”. Beatriz mantinha a cabeça apoiada no ombro do pai, enquanto ouviam as palavras de conforto do Padre Josafá Siqueira, reitor em exercício da PUC-Rio. Padre Josafá sublinhou, na celebração, o “exemplo de Dona Ruth para construir uma sociedade mais justa”. Ele encerrou a missa recitando um poema de São Agostinho, “A morte não é nada”.

Acompanhado da filha Gabriela, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, reforçou o exemplo de dedicação suprapartidária deixado pela antropóloga:

- Sou apenas mais um dos brasileiros que aprenderam a admirar Dona Ruth. Era uma pessoa de convicções fortes. Tive o privilégio de seu convívio nos últimos anos de vida. Fica a saudade, mas também o exemplo de alguém que dedicou a vida ao Brasil, sempre com grande generosidade

O antropólogo Roberto da Matta classificou Dona Ruth como uma “referência”. Opinião que foi acompanhada pelo colega Gilberto Velho:

- Quando penso num grande professor, penso em Dona Ruth. Era uma pessoa aberta ao mundo e a novas idéias. Gostava de ouvir críticas, mas sabia defender seus pontos de vista. O exemplo fundamental é a posição de tolerância.

O economista Edmar Bacha ressaltou a coerência intelectual e prática da ex-primeira-dama. Para ele, Dona Ruth jamais trocou de postura, nem mesmo quando seu marido ocupava o cargo de presidente:

- Estando no Palácio do Planalto, não mudou o que era. Sua atitude foi sempre de grande respeito pela coisa pública. Deixou uma mensagem universal, de solidariedade e voltada aos mais pobres. 

De acordo com a jornalista Mirian Leitão, Dona Ruth “marcou o papel da mulher no Brasil”. Para o deputado estadual Luiz Paulo Correa da Rocha, sua morte deixa “uma lacuna imensa, difícil de ser preenchida”. Candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, Eduardo Paes exaltou “o trabalho que ainda vai render muitos frutos ao país”. Na opinião do senador Francisco Dornelles, Ruth Cardoso era, sobretudo, “uma mulher de grande categoria e pensamento voltado para as questões sociais”. O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga foi contundente:

- Dona Ruth era uma pessoa amiga, inteligente, honesta e brasileira. Tinha vergonha na cara, uma mercadoria em falta hoje em dia.

A classe artística também esteve representada. Segundo o cineasta Cacá Diegues, Dona Ruth foi uma “unanimidade”. Para o humorista Marcelo Madureira, uma “maravilhosa, culta e inesquecível”. A atriz Arlete Salles evidenciou a tristeza de Fernando Henrique: “Percebe-se que ele está dilacerado”. 

Depois da missa, o ex-presidente atendeu com paciência à fila formada para cumprimentá-lo. Comparaceram à missa ex-ministros de FHC,  como Francisco Weffort (Cultura) e Luiz Felipe Lampreia (Relações Exteriores). Numa cadeira de rodas, o ex-governador fluminense Marcello Alencar também foi prestar solidariedade. 

Fernando Henrique só deixou a universidade uma hora após o encerramento da cerimônia, sem falar com a imprensa.

A antropóloga Ruth Cardoso, ex-mulher do  presidente Fernando Henrique Cadoso, morreu no dia 24 de junho, aos 77 anos, vítima de doença coronariana. Nascida em Araraquara, dedicou-se à vida acadêmica. Publicou diversos livros e revelou-se uma voz atuante contra as desigualdades. Em 1995, fundou o programa Comunidade Solidária,  que combatia a pobreza e a exclusão. Estava casada há 55 anos com Fernando Henrique, com quem teve três filhos.

Ruth Cardoso, uma unanimidade

Mirian Leitão: “Ela mudou as políticas sociais brasileiras. Criou uma ligação entre a sociedade e as pessoas que precisavam de apoio. Marcou o papel da mulher no Brasil. Modernizou o país e incentivou o voluntarismo. Agora é preciso continuar a trilha”

Marcelo Madureira: “Enquanto cidadão brasileiro, me sinto bastante honrado de tê-la como alguém muito importante no panorama político do país. Pessoa maravilhosa, culta e inesquecível”

Luiz Paulo Correa da Rocha: “Ela dignificou o papel da mulher na política. Deixa uma lacuna imensa, difícil de ser preenchida. Discrição, solidariedade, conhecimento e participação ativa foram suas marcas registradas”

Padre Josafá: “Dona Ruth tinha uma personalidade rica. Seu rigor intelectual era uma virtude própria de alguém que busca a verdade. Pedimos a Deus que construamos uma sociedade mais justa, inspirados no exemplo de pessoas como Dona Ruth”

Gilberto Velho: “Quando penso num grande professor, penso em Dona Ruth. Era uma pessoa aberta ao mundo e a novas idéias. Gostava de ouvir críticas, mas sabia defender seus pontos de vista. Mas o exemplo fundamental é a posição de tolerância.

Roberto da Matta: “Dona Ruth será uma referência na minha vida. Todos aqui foram de alguma maneira tocados por ela. Viveu uma vida plena, sempre com muita coragem”

Aécio Neves: “Sou apenas mais um dos brasileiros que aprenderam a admirar Dona Ruth. Era uma pessoa de convicções fortes. Tive o privilégio de seu convívio nos últimos anos de vida. Fica a saudade, mas também o exemplo de alguém que dedicou a vida ao Brasil, sempre com grande generosidade”

Paula Lavigne: “Ela representava muito. Não era preconceituosa e gostava até de assistir novelas à noite. Guardo boas lembranças”

Armínio Fraga: “Uma pessoa amiga, inteligente, honesta e brasileira. Tinha vergonha na cara, uma mercadoria rara hoje em dia”

Eduardo Paes: “A política dela era séria. Nós ainda vamos colher muitos frutos do projeto que Dona Ruth iniciou”

Arlete Salles: “Estou triste de ver o sofrimento do presidente Fernando Henrique. Percebe-se que ele está dilacerado”

Cacá Diegues: “Dona Ruth revelou ser uma unanimidade. Era uma pessoa culta, de grande autoridade”

Francisco Dornelles: “Sou testemunha de seu trabalho. Pessoa de grande categoria, com pensamento voltado para os programas sociais”

Edmar Bacha: “Sua atitude foi sempre de grande respeito pela coisa pública. Deixou uma mensagem universal, de solidariedade e voltada aos mais pobres. Estando no Palácio do Planalto, não mudou o que era”