Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Campus

Compensar e reciclar, saídas para o impacto ambiental

Matheus Vasconcellos - Do Portal

21/03/2013

 Cynthia Salles

Trocar ideias e pensar em como minimizar os impactos ambientais que grandes eventos como a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 produzirão no Rio foram a proposta do seminário Gestão para a sustentabilidade de eventos, realizado na PUC-Rio nesta quarta-feira, 20. A vice-presidente do grupo Rock in Rio, Roberta Medina, apresentou a aposta do festival: compensação de emissão de carbono. O grupo vai plantar, até 2016, 143 mil árvores na chamada de Rock in Rio Forest, criada em 2006 na edição local do evento.

– O evento não tem como ser totalmente sustentável, porque deslocar 100 mil pessoas para um dia de show que dura 12 horas não é ser sustentável, mas decidimos nos preocupar em compensar tudo que geramos em emissões de carbono. A Copa do Mundo de futebol já usa essa técnica, e este ano vamos compensar mais do que emitimos – antecipou Roberta, formada em publicidade pela PUC.

A gerente de Sustentabilidade e Legados do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016, Tania Braga, tem um desafio maior: estima-se que 11 milhões de pessoas usarão o transporte público para chegar às competições. Para diminuir a pegada que o evento deixará na cidade, o comitê organizador pretende usar materiais recicláveis, contratar empresas com “consciência ambiental” e reutilizar as estruturas móveis dos Jogos:

– Tudo será reaproveitado. Por exemplo, o complexo aquático deve ser levado para o Centro-Oeste, para o treinamento e desenvolvimento daquela região do país. Já o estádio de handball vai ser transformado em quatro escolas municipais aqui mesmo no Rio.

Ainda lembrando que é necessário deixar um legado para a cidade-sede do evento, Tania afirmou que a inclusão social de deficientes físicos é uma das maiores preocupações do comitê, já que o Rio receberá também os Jogos Paralímpicos. Segundo a gerente do comitê, um dos principais objetivos é “tornar o Rio uma cidade com mais acessibilidade”.

Ao abrir o encontro, o reitor da PUC, padre Josafá Siqueira, lembrou que a sustentabilidade resgata as aspirações da sociedade de viver bem em um local agradável. Professor de biologia e criador da Agenda Ambiental da universidade, padre Josafá também ressaltou a importância da gestão sustentável: Cynthia Salles

– Os grandes eventos precisam trazer um retorno social e ambiental ao local que os abriga. É importante ver que existe esse pensamento voltado para o meio ambiente, que há uma mudança de consciência para resgatar o equilíbrio entre o social e o ambiental.

Roberta destacou que é preciso uma mudança de comportamento por parte do público dos eventos, que muitas vezes não se preocupa com a limpeza do local ou com o futuro do planeta. Para ela, o problema está na educação das pessoas:

– No fim dos shows no último festival, em 2011, tínhamos um volume brutal de lixo no chão. Colocamos latas de lixo enormes em todo o lugar e, no fim do dia, o chão estava imundo e as lixeiras, vazias. O povo precisa ser reeducado para que as nossas ações façam mais efeito.

O presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável do Rio, o economista Sérgio Besserman Vianna, professor da PUC, brincou que sua função muitas vezes é ser “do contra”, mas disse ter ficado “orgulhoso” dos projetos apresentados, questionando apenas o fato de o futebol de salão não ser esporte olímpico. Brincadeiras à parte, Besserman aproveitou a oportunidade para mostrar satisfação com a gestão sustentável dos eventos e fazer um alerta: Cynthia Salles

– A grande pergunta é: será que vamos construir uma sociedade sustentável? Não existe, hoje, economia sem sustentabilidade. Não é possível continuar do jeito que estamos. Precisamos mudar o modo que agimos como sociedade, ou vamos sofrer consequências terríveis em um futuro bem próximo. O fato de a diretoria desses grandes eventos ter percebido essa realidade e ter entrado nesse jogo sustentável é incrível.

O seminário Gestão para a sustentabilidade de eventos reuniu mais de 200 pessoas no auditório do RDC. Os copos usados durante o evento foram da marca Meu copoeco, que empresta copos de plástico retornáveis para eventos. Os visitantes que quisessem o copo pagavam R$ 3 e, se quisessem devolvê-lo, recebiam a quantia de volta. Com a ação, foram poupados cerca de 800 copos descartáveis.