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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cultura

Ancelmo Gois: "Os jornais impressos não vão morrer"

Gustavo Coelho - Do Portal

20/06/2008

 Gustavo Coelho

Ele é colunista de um dos jornais mais importantes do país. Mas não perde a simplicidade. Com o olho clínico e o bom humor de quem garimpa pérolas da cena brasileira, Ancelmo Gois espanta os alarmistas de plantão. "O jornal sempre vai existir", garantiu o jornalista do Globo, na palestra “A influência da tecnologia e o futuro da mídia”, que fez parte da premiação do II Prêmio Mongeral Imprensa, entregue na PUC-Rio, em 10 de junho. O presidente da Mongeral Seguros e Previdência, Helder Molina, anunciou, na cerimônia, a criação da categoria Estudante de Jornalismo para a terceira edição do prêmio, que será lançada em setembro.

Entre brincadeiras e orientações profissionais, Ancelmo cativou os estudantes de jornalismo que lotaram o auditório do RDC. Alternou casos da rotina do jornal com histórias do site ancelmo.com, um dos vinte mais visitados do país. Embora a aventura no mundo digital tenha aberto um novo horizonte,  ele renovou os votos de confiança no jornalismo impresso:

- Não consigo aceitar a idéia de que os jornais vão morrer. Nenhum furo extraordinário sai da internet, e não há um grande jornalista que tenha se formado apenas por esse meio. O mundo está entrando numa realidade em que a informação se torna uma commodity, uma mercadoria fundamental. O futuro tem várias mídias, cada uma procurando uma identidade. O papel, em especial, tende a adotar um perfil mais analítica.

Veterano no ofício, Ancelmo Gois não perde a paixão. Durante a palestra, o colunista ressaltou diversas vezes a importância social do jornalista. E explicou quais as principais virtudes deste profissional:

- É a melhor profissão do mundo. Acho o máximo chegar aos hotéis e escrever “jornalista”. Mas para dar certo tem que gostar do que faz. A rotina é uma ralação danada. Tenho 59 anos, e todo dia de manhã estou no jornal. O pior inimigo do jornalista é a preguiça. A tecnologia vem ganhando espaço no nosso trabalho, mas não substitui a leitura e a disposição.

O jornalista também falou com carinho sobre a Associação Brasileira de Imprensa, que recebeu, antes da palestra, uma homenagem pelo centenário. Para o colunista, o legado da entidade não pode ser esquecido:

- A ABI é tudo de bom. É uma casa do meu coração. Muitos jovens não têm consciência do que representa a ABI, uma instituição que se fez presente nos períodos mais difíceis da imprensa no país. O prêmio é importante porque estimula a ABI a prosseguir nesta caminhada.

Prêmio Mongeral e homenagem à ABI

A palestra de Ancelmo Gois foi o ponto alto da cerimônia de entrega do II Prêmio Mongeral Imprensa. Entre123 inscritos, seis foram premiados em cinco categorias. Banca formada pelos jornalistas Heloísa Magalhães (Valor Econômico), Denise Bueno (Gazeta Mercantil) e George Vidor (O Globo/Globo News) avaliaram reportagens sobre previdência e seguros.

Depois da palestra, Heloisa, Denise e Vidor participaram de um rápido debate sobre os rumos do jornalismo. Para Vidor, a profissão passa por mudanças significativas. Assim como Ancelmo, ele duvida de que a mídia impressa tem prazo de validade:

- Ler jornal ainda é prazeroso. Isso nunca vai desaparecer. A figura do jornalista mudou. Trabalhava-se em jornal, rádio ou televisão, nunca em dois ou três ao mesmo tempo. O profissional de imprensa continua cometendo erros por desinformação. Neste sentido, ainda há muito que evoluir.

Professor da PUC-Rio e presidente da Associação Brasileira de Imprensa, o jornalista Maurício Azedo recebeu uma placa comemorativa pelo centenário da entidade. A homenagem também foi uma iniciativa da Mongeral Seguros e Previdência. Segundo Azedo, a instituição ainda tem um longo caminho:

- Desde que foi fundada, a ABI zela pelo aprimoramento do jornalista. Tivemos uma participação decisiva na criação dos primeiros cursos de jornalismo no Brasil. Agora o desafio é estimular a nova geração, que vai comandar o país durante as próximas décadas.

O presidente do Conselho Administrativo da Mongeral Seguros e Previdência, Nilton Molina, explicou os motivos que levaram à criação do prêmio Mongeral Imprensa:

- Nossa história já tem 172 anos. Das instituições com idade semelhante, a maioria é formada por órgãos de imprensa. Assim, vimos uma oportunidade para patrocinar este prêmio. É uma grande satisfação prestar a homenagem aos jornalistas, que cumprem uma função de tanta responsabilidade.

No encerramento, o presidente da Mongeral Seguros e Previdência, Helder Molina, adiantou que o prêmio será estendido a estudantes de jornalismo. A noca categoria fará parte da terceira edição, que será lançada em setembro.

Vencedores do II Prêmio Mongeral Imprensa

- Categoria “Jornal Nacional”: Rodrigo Gallo (Jornal da Tarde), com a matéria “O futuro começa agora” .

- Categoria “Revista”: Olívia Horta Bulla e Vinicius Bezerra (Revista Investimentos, do jornal Estado de São Paulo), com a matéria “Seu tostão vai virar milhão?”.

- Categoria “Melhor Reportagem para Internet”: Nice de Paula (Globo Online), com a matéria “Dos IAPIs ao PGBL. De onde vem e para onde vai a previdência no Brasil”

- Categoria “Jornal Regional”: Cristine de Andrade Pires (Jornal do Commercio, do Rio Grande do Sul), com a matéria “Empresas e negócios - investindo no futuro”.

- Categoria “Mídia Especializada”: Karin Fuchs (Revista Cobertura), com a matéria “Projeto genoma humano e o seguro de vida”