Rodrigo Serpellone - Do Portal
04/02/2013No comando geral do Congresso Nacional, com a eleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado Federal, na última sexta-feira, e de Henrique Eduardo Alves na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira, o PMDB se consolida como partido-chave do governo petista de Dilma Rousseff. Os aliados da base do governo são maioria em ambas as casas, e agora, seus eleitos representam os sucessores da presidência da República em caso de ausência de Dilma e Michel Temer.
De acordo com o analista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael, o PT permite o domínio do Congresso por parte do PMDB por dar como certo seu apoio nas eleições presidenciais de 2014, mas ao dar o “tapete vermelho” ao PMDB, o partido da presidente assume riscos:
– O PMDB poderá cobrar cargos ou mesmo contrariar o planalto. Mas eles também não podem arriscar muito, pois o PT tem a caneta presidencial. É uma aliança em que ambos apostam que vão ganhar, apesar dos riscos – avalia Ismael.
O cientista político Luiz Werneck Vianna, também professor da PUC-Rio, concorda. Para ele, o PT se beneficia da aliança com o PMDB, maior partido do país em número de filiados. A balança da governabilidade, de acordo com Werneck Vianna, passa pelo partido de centro:
– Certamente o PMDB não vai pleitear a presidência em 2014. O partido é o fiador do processo eleitoral brasileiro. Não se ganha sem ele, e não se governa sem ele. O PT tem que aturar.
A cientista política e professora Alessandra Maia acredita que os partidos no poder é que se adaptam para conseguir o apoio do PMDB, devido à sua força política. Para Alessandra, Dilma enfrentará dificuldades diante do partido da base aliada, por conta do poder adquirido nesta sucessão no Congresso:
– Tanto o PSDB como o PT tiveram que adotar estratégias de convivência com o PMDB. Não ceder às pressões e negociações características ao PMDB e conseguir governar não será tarefa simples para o PT.
Por outro lado, a oposição formada por PSDB e, surpreendentemente por PSB – já que este, apesar de ser da base aliada, se negou a votar em Renan Calheiros e Henrique Alves para o Poder Legislativo –, apoiou o candidato do PDT para a presidência do Senado, Pedro Taques (PDT-MT), e votou em Júlio Delgado (PSB-MG) para a Câmara. Já que não conseguiu eleger nenhum de seus candidatos, a oposição, segundo Ricardo Ismael, valorizará o fato de os altos cargos do Poder Legislativo não terem sido renovados:
– Os partidos oposicionistas vão ficar do lado da opinião pública. Vão criticar os presidentes do Congresso, que são sempre os mesmos nomes, e terão uma posição simpática com a qual a população vai concordar – afirma Ismael, citando a petição pública online que pedia a anulação da candidatura de Renan Calheiros.
Autora da petição, a ONG Rio de Paz pedia um presidente “ficha-limpa” para o cargo. O apelo popular foi tão grande que o abaixo-assinado chegou a mais de 360 mil assinaturas, o triplo do necessário para que a petição chegasse às mãos dos parlamentares oposicionistas para ser lida no plenário.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou Renan Calheiros, na semana retrasada, por suspeita de ter apresentado, em 2007, notas fiscais frias para esconder uma suposta pensão custeada por um lobista. As acusações contra Renan se intensificaram na última sexta-feira, após reportagem da Revista Época, que teve acesso à denúncia de Roberto Gurgel na íntegra. Além da suspeita de notas frias, ainda há uma acusação de haver desviado dinheiro público do Senado. O documento de Gurgel se encontra com o ministro Ricardo Lewandowski desde a última segunda-feira, 28. Se condenado, o novo presidente do Senado pode pegar de cinco a 23 anos de prisão, além de multa.
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