“Fizemos o que pudemos”. Assim o jornalista Mauro Santayana iniciou sua palestra sobre a imprensa em 68, dia 15 de maio, no auditório B6 da PUC-Rio. Com um discurso inspirador, o antigo conselheiro do ex-presidente Tancredo Neves ressaltou a importância dos jovens para as conquistas sociais.
- A juventude está sempre na vanguarda. São vocês que zelam pelo mundo - lembrou ele, dirigindo-se aos estudantes.
Colunista político do Jornal do Brasil, Santayana alertou sobre a importância do voto consciente, que deve resistir e combater desvios democráticos. Com palavras simples, explicou as nuances deste jogo:
- O poder atrai as piores pessoas e chama a responsabilidade dos melhores. Fazer política é votar bem e ajudar o próximo a fazer o mesmo.
O jornalista, que também escreve para a agência de notícias Carta Maior, ficou exilado nos anos da ditadura. Morou no Uruguai, México, Cuba, Tchecoslováquia e Alemanha. Durante esse período, foi comentarista da Rádio Havana, em Cuba, e da Rádio Praga, na Tchecoslováquia, e correspondente do Jornal do Brasil. Mauro Santayana testemunhou um dos momentos mais decisivos da história do país: o alinhamento dos governadores Franco Montoro, de São Paulo, Tancredo Neves, de Minas, e Leonel Brizola, do Rio, em torno do movimento das Diretas Já, em abril de 1983. Ele contou como conseguiu tal façanha:
- Eu tive sorte. Estava no momento certo, na hora certa. Todo jornalista tem que ter sorte, senão pode desistir.
Depois de ressaltar o papel decisivo dos jornais no processo de redemocratização, Santayana arrancou risos. Uma senhora no fundo do auditório pediu-lhe que respondesse às perguntas mais precisamente. Por instantes, não o deixava falar. Quando conseguiu responder, o jornalista explicou: "Esta senhora é minha mulher. É quem evita que eu faça besteiras". Ele encerrou a palestra com uma mensagem eloqüente:
- É apenas na solidariedade radical que nós conseguiremos salvar o mundo.
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