A maior colônia de japoneses fora do país oriental está no Brasil. Nos anos de 1946 e 1947, as reuniões nipônicas estavam proibidas no Brasil e a maioria dos japoneses não acreditava que o império havia perdido a Segunda Guerra Mundial. A divergência de pensamentos culminou em diversos conflitos e mortes. Este é o plano de fundo do filme Corações Sujos, de Vicente Amorim, baseado no livro-reportagem homônimo, de Fernando Morais. No último dia três, o longa-metragem abriu uma série de exibições mensais, promovida pela parceria entre a PUC e a Academia Brasileira de Cinematografia (ABC).
– Espero que seja uma aliança duradoura e que renda muitos frutos – comemorou o presidente da ABC, Guy Gonçalves, ao iniciar a sessão. Depois da exibição, o presidente participou de um debate com o produtor executivo, Caãque Martins; o diretor de fotografia, Rodrigo Monte; a figurinista, Cristina Kangussu; a montadora, Diana Vasconcellos e o diretor, Vicente Amorim, que contou como foi o processo de criação do filme:
– O projeto começou há nove anos, quando li o livro. 80% dos japoneses acreditavam que o Japão tinha ganhado a guerra – o diretor explicou também como foi trabalhar com um elenco basicamente japonês, que tem a presença de Tsuyoshi Ihara (Cartas de Iwo Jima).
– Os atores não falavam português e eu não falo japonês. Durante as cinco semanas de gravação, tivemos um intérprete responsável pela tradução. Era imprescindível que viessem do Japão. Precisávamos de pessoas que falassem o idioma perfeitamente – Vicente destacou, ainda, a importância da cultura japonesa:
– Eu e o roteirista discutimos a literatura japonesa. Para compreender o espirito japonês, é preciso entender a cultura e não só conhecer a história. A responsável pela montagem, Diana Vasconcellos, também relatou a relevância dos costumes orientais:
– O elenco japonês é de uma disciplina incrível. O tempo deles é diferente. Foi um problema a menos na hora de montar.
Corações Sujos mostra um grupo de japoneses que mesmo longe do país de origem, não foge das características fortes da cultura japonesa, como a honra. Mas por outro lado, traz um drama vivido por eles que é admitir a derrota da guerra. O longa-metragem foi lançado no país nipônico, em julho, com sucesso, e foi escolhido o melhor filme estrangeiro. Para Amorim, a emoção faz parte do ser japonês. O diretor deu uma dica aos futuros cineastas:
– Temos que parar para pensar porque fazemos cinema. Não é só pelo dinheiro, pelo público. Fazemos cinema para contar historias relevantes, que nos toquem.
As sessões são gratuitas e abertas ao público. Os próximos encontros estão marcados para os dias 31 de outubro e 21 de novembro às 11h.
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