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Rio de Janeiro, 31 de agosto de 2024


Cultura

A era da discoteca no Festival do Rio

Amanda Reis - Do Portal

01/10/2012

 Divulgação

Efervescência cultural, sexual e política são os grandes ingredientes do filme Rio anos 70, de Mauricio Branco e Patricia Faloppa. O documentário, produzido a partir de depoimentos de personalidades da década de 1970, mostra o boom das discotecas no Rio de Janeiro, como a lendária boate Dancing Days, e a mudança radical de comportamento em pleno regime militar. O longa-metragem, que disputa o troféu Redentor (concedido aos melhores do Fest Rio), foi exibido no Odeon na última sexta, e sábado, no Pavilhão do Festival, no Cais do Porto, seguido de debate no Cine-Encontro, com a presença dos diretores; do produtor Tuninho Schwartz; do ator Bayard Tonelli e da figurinista Sonia Tomé, personagens do filme.

– Aos 8 anos, quando ia para a casa da minha avó na Ilha do Governador, olhava a cidade e percebia que ela pulsava. Não pude viver aquela época como queria. Era criança, não podia entrar na Dacing Days – lembrou Mauricio, ator que dirige pela primeira vez.

Sonia completou: – Não iam aguentar Mauricio na década de 1970. Ele ia dominar tudo.

Inicialmente, o diretor, que sempre teve “empatia” pela época, pensou em fazer uma peça sobre uma festa disco, de onde as pessoas não conseguem sair. Patricia, que conheceu numa novela, quis produzi-la. A dupla começou a conversar com pessoas que viveram aquela época. Surpreenderam-se com a qualidade dos depoimentos. As imagens vieram de amigos, que tinham muitos filmes em super 8, do youtube e de anúncios, que Mauricio colocou nos jornais para conseguir imagens.

– Resolvemos arriscar tudo, o nosso dinheiro por exemplo, e hoje estamos no festival. Ficamos muito felizes por fazer parte deste evento – afirmou a diretora, que tinha experiências anteriores como diretora de TV.

O roteiro inicial foi sendo modificado conforme as histórias iam sendo contadas.

– Tudo era adaptado de acordo com o entrevistado. Primeiro, o filme mostraria apenas a explosão das discotecas, e se chamaria Rio 77/78, mas o material ficou muito mais abrangente – lembrou Mauricio.

A jornalista Patricia Rebello, que mediou o encontro, destacou a importância do filme ao romper paradigmas:

– O filme nos faz pensar que muita coisa não existiria hoje, se não fosse a quebra de tabus que houve naquela época. Não tinham um ideal político, mas cada um tinha muita vontade de ser livre – lembrou.

– O documentário cumpre o seu papel quando desperta a curiosidade do público e deixa um gosto de “quero-mais” – acrescentou Bayard Tonelli, ex-Dzi Croquettes.

Diretor estreante, Mauricio confessou que não entendia nada de enquadramento – e não quer entender:

– Não tenho a pretensão de ser diretor de ficção. Não estudei para isso. Adoro fazer pesquisa. Meu negócio é documentário e produção executiva.

Patricia Faloppa, por sua vez, dividiu a direção pela primeira vez com um ator:

– Gosto de ouvir sempre o ator antes de dirigir uma cena. Cada um vê a vida de uma forma diferente. A experiência foi muito interessante. Às vezes a gente brigava, mas isso é normal em qualquer casamento.