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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


País

Pesquisador aponta avanço da Igreja Católica no país

Caio Cidrini - Do Portal

11/09/2012

Apesar da redução do número de católicos no país, apontada pelo Censo 2010, a instituição Igreja Católica “vai muito bem”. Assim avaliou o antropólogo Carlos Steil, pesquisador da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), na abertura, nesta segunda-feira, do ciclo de palestras que se debruça sobre a radiografia das religiões no Brasil traçada pelo mais recente levantamento do IBGE. Para Steil, o declínio de católicos — o primeiro em números absolutos — é resultado de um processo cultural em que as religiões “deixaram de ser a expressão de massas para serem o reduto de alguns escolhidos”:

— A Igreja Católica está se adaptando à forma com que a religião se impõe no mundo contemporâneo. A um modelo de viver a religião que prevaleceu nos últimos anos na América Latina, principalmente com as religiões e seitas evangélicas.

Segundo o pesquisador, a leitura simples do Censo 2010 pode levar a interpretações superficiais ou precipitadas das religiões no Brasil, especificamente da suposta crise do catolicismo. Ele ressaltou, na palestra de abertura do seminário O Censo e as religiões no Brasil, que se deve levar em conta a diferença entre a Igreja Católica e catolicismo:

— Pode-se dizer que o catolicismo vive uma crise, pois não representa mais o processo cultural vigente até o início do século. Ou seja, os católicos que não frequentam a Igreja deixaram de sentir o pertencimento a uma religião. Já a Igreja Católica, instituição, cresceu e se mantém forte — afirmou o antropólogo.

Para revelar o crescimento da Igreja Católica, cruzou os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) com pesquisas da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).  O número de paróquias aumentou 27,4%, de 1994 para 2010. O de sacerdotes cresceu 42%, desde a década de 1970. A única queda remete ao número de “irmãs” — freiras de diversas ordens e congregações —, que caiu 17% de 1970 para hoje.

— Os dados apontam para a relação entre cultura e religião. Diante deles, a gente observa que não há uma crise vocacional ou institucional, mas sim cultural — compara Steil.

Já para a cientista social Clara Mafra, professora da UERJ, o catolicismo “deixou de ser a religião brasileira para ser uma religião de massa, da maioria da população”. Ela acredita que, a despeito várias opções religiosas, o país apresenta uma unidade:

— No Brasil não há diversidade religiosa. Somos muitos cristãos e compreendemos a religião através desta perspectiva.

Se somados, os cristãos representam 87% da população brasileira. Junto aos 8% que se declaram “sem religião” — terceiro maior grupo —, alcançam 95% das autoclassificações religiosas dos brasileiros.