Garantida a aplicação da Lei da Ficha Limpa já nestas eleições, a diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Jovita José Rosa, ressalta que a lei agora está nas mãos dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). Para ela, todos os envolvidos no processo fizeram sua parte: sociedade, Congresso Nacional, presidente da República e Supremo Tribunal Federal. Esse foi um dos temas debatidos no seminário Entre o formal e o real: desafios na implementação das leis que tornam o Brasil mais transparente, realizado pelo Instituto Millenium no auditório B8 da PUC-Rio, na tarde de segunda-feira (3).
– A bola da vez está com os TREs neste momento. Eles têm a responsabilidade de fazer valer a lei. Precisamos de ações concretas para que as exceções à lei sejam minoria – afirmou a diretora do MCCE e diretora social da União Nacional dos Auditores do SUS (Unasus).
No painel O papel da sociedade civil no processo de mudança, Jovita afirmou que foi a pressão da sociedade que garantiu a aprovação da Lei da Ficha Limpa. Não só no momento de levá-la até os parlamentares, como também na hora da votação, por meio de ligações telefônicas, e-mails e twitaços, campanhas de mobilização usando palavras-chave (hash tags) no Twitter.
Para Carlos Eduardo Lins da Silva, diretor de Relações Institucionais da Patri Políticas Públicas, Relações Institucionais & Governamentais, que participou do debate, essa pressão mostra que o brasileiro já se deu conta de que é eleitor, mas não de que é contribuinte. Segundo Lins da Silva, isso se deve aos impostos escondidos nos pagamentos do dia a dia.
– O povo ainda não se deu conta de que somos os contratantes dos políticos, de que pagamos seus salários. A mentalidade, infelizmente, ainda é de monarquia, de quando a população era subordinada aos governantes – afirmou o jornalista, doutor em comunicação, editor da revista Política Externa, ex-diretor de redação da Folha de S.Paulo e do Valor Econômico, que morou por 10 anos nos Estados Unidos, como correspondente.
Para ele, uma lei não é a solução para o combate à corrupção, mas sim sua aplicação:
– A punição dos criminosos deve ocorrer de maneira rápida, para que os deixe inibidos e diminua a frequência desses casos, já que corrupção sempre existirá.
Passado recente ajudou na criação da Lei de Acesso à Informação, diz gerente da CGU.
No painel anterior, O que está sendo feito pelo governo?, a gerente de Promoção, Ética, Transparência e Integridade da Controladoria-Geral da União (CGU) Izabela Corrêa falou da relevância da Lei de Acesso à Informação. Desde 16 de maio, quando entrou em vigor, até 31 de agosto, foram feitas ao Poder Executivo 29.480 solicitações de informação, com 89,3% das demandas respondidas, em tempo médio de dez dias (confira como solicitar uma informação). A legislação permite o prazo de até 30 dias. A gerente da CGU crê que os números são muito bons, mas prevê melhorias:
– Não acho que o número de pedidos tenha sido pequeno, até porque a lei foi implantada há pouco tempo. Porém, estamos avaliando métodos de divulgação para que a população fique ciente desse direito.
Para Izabela, a Lei da Responsabilidade Fiscal, em 2000, a criação da CGU, em 2003, e do Portal da Transparência, em 2004, foram fatores essenciais para a conquista da lei de acesso à informação.
No debate, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho afirmou que a lei gerou um exagero nos pedidos de informação, o que chamou de “voyeurismo da transparência”. De acordo com a CGU, 2.303 pedidos de informação foram negados por conter perguntas sobre dados pessoais, por serem genéricos ou até inusitados, como requisições de documentos sobre extraterrestres.
Analistas pregam transigência para resguardar instituições
"Pará é terra onde a lei é para poucos", diz coordenador do CPT
Sem holofotes do legado urbano, herança esportiva dos Jogos está longe do prometido
Rio 2016: Brasil está pronto para conter terrorismo, diz secretário
Casamento: o que o rito significa para a juventude
"Jeitinho brasileiro se sobrepõe à ideia do igual valor de todos"