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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


País

Reencontro com a luta da imprensa em 68

Olivia Haiad - Do Portal

19/05/2008

Quatro décadas depois de o Brasil ter mergulhado no capítulo mais sofrido do regime militar, a PUC-Rio rediscutiu o papel da imprensa naquele "ano que não acabou", como definiu Zuenir Ventura. Organizado pelos jornalistas Chico Otávio e Carla Siqueira, professores do Departamento de Comunicação Social, o segundo encontro do ciclo “A Imprensa em 68” recebeu, no dia 26 de maio, historiadores, socióloga e jornalistas envolvidos de alguma forma com a ditadura. A primeira série de debates reuniu Ana Arruda Callado, Claudius Ceccon, Maria Paula Araújo, Pery Cotta, José Silveira e Luís Edgar de Andrade.

Carla Siqueira diz que a iniciativa vai ao encontro da comemoração dos 40 anos de Maio de 68, ou melhor, do legado da série de movimentos, contestações, utopias concentrados naquele período considerado por muitos um divisor de águas. A jornalista e historiadora converteu a lembrança em oportunidade de reunir jornalistas que vivenciaram uma época marcada pela censura, pelo exílio, pela tortura, e construíram um front para a democracia:

- A imprensa teve um papel de extrema importância durante a fase mais dura do regime militar. As discussões geradas no Ciclo servirão para que os alunos aprendam mais sobre a atuação da imprensa numa época marcante para o Brasil e o mundo.

No dia 19, o tema “A Imprensa Alternativa em 68” abriu as discussões. Ana Arruda Callado contou bastidores da luta contra o regime militar. Ela comandava o jornal "O Sol", um marco na imprensa alternativa da ditadura. Das 11h às 13h, o tema “A cobertura dos principais fatos” foi o pano de fundo para revisitar acontecimentos como a Passeata dos Cem Mil. 

No dia 26, foram discutidas as relações entre jornalistas e veículos de comunicação dos governos militares. Em torno do tema “ A Imprensa e o Poder em 68”, debateram o historiador da UFRJ especializado em ditadura, Carlos Fico, e o jornalista Carlos Lemos, que chefiava o Jornal do Brasil. O ciclo foi fechado com a mesa “O Lugar dos Jornalistas em 68”, na qual foram abordadas as condições de trabalho a que os profissionais eram submetidos e suas relações com as empresas de comunicação e com os governos militares. Questões como a regulamentação imposta pelos jornais e até que ponto a ética do jornalista era desafiada foram debatidas por Milton Temer e Evandro Teixeira.