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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Cidade

Carioca cobra melhor ciclovia para pedalar ainda mais

Gabriela Giglio* - Da sala de aula

26/10/2012

 Carlos Serra

Considerada a capital brasileira da bicicleta, a cidade do Rio de Janeiro tem hoje mais de 270 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas, sendo a segunda maior rede de ciclovias da América Latina. Mas ainda é pouco se comparado aos números de outras metrópoles. A prefeitura promete, até o fim do ano, mais 30 quilômetros de ciclovias e, até 2016, mais 150, fazendo com que o Rio chegue a 450 quilômetros. Mas, para quem utiliza as bicicletas como meio de transporte, a extensão das ciclovias é um problema que incomoda tanto quanto as “brigas” entre os que pedalam e os que dirigem.

Com o rápido sucesso do Projeto BikeRio, de aluguel de bicicletas, mais de 66 mil usuários já se cadastraram para pedalar pela cidade com as laranjinhas. A iniciativa conta com 600 bicicletas espalhadas pelos bairros de Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Copacabana, Gávea, Botafogo, Flamengo, Urca e Centro, totalizando 60 estações. O projeto pretende ter um total de 3 mil bicicletas e 300 estações, e mais quatro estão sendo ativadas no Centro, Catete, Cosme Velho, Botafogo e Ipanema. O professor Fabiano Muniz, que utiliza o serviço diariamente para se deslocar ao trabalho enquanto está na Zona Sul, aprova a iniciativa:

– Acho a ideia ótima, superviável. Porque, no tempo que a gente perde no trânsito, a gente pedala. E ainda faz bem para a saúde, sem ter que pagar uma academia, que é um negócio que sai muito mais caro do que alugar a bicicleta, né?

Um dos problemas enfrentados pelos ciclistas remete às condições de ciclovias e ciclofaixas, sem falar nas constantes brigas por espaço nas ruas entre bicicletas e carros. As ciclovias são frequentemente ocupadas por pedestres, há pouca sinalização nas faixas compartilhadas e falta continuidade: muitas vezes terminam do nada. O analista de suporte Fernando Thomaz, ciclista amador que participa de competições de longa distância e treina pelas ruas e estradas do Rio, avalia que a expensão da malha cicloviária deve obedecer a parâmetros técnicos:

 Gabriela Giglio – Uma ciclovia tem que ser uma ciclovia. Não adianta o prefeito pintar uma calçada de vermelho e dizer que o Rio de Janeiro tem 270 quilômetros de ciclovia. Ali na Gávea, na esquina da Rua Professor Manoel Ferreira, pintaram o chão de vermelho, e tem um poste no meio do caminho. Isso não é ciclovia. Na condição de ciclista, eu me recuso a usar uma calçada pintada de vermelho como ciclovia. A "ciclovia" continua sendo calçada para pedestre.

O "inimigo" das bicicletas

O jornalista e colunista do Globo Artur Xexéo publicou, no mês de março, em seu blog, um texto sobre o novo engarrafamento que passou a existir com a criação de uma ciclovia na Rua Real Grandeza, na saída do Túnel Velho. O colunista reclamou da eliminação de uma das pistas, deixando duas para os carros, o que, segundo ele, criou um engarrafamento. Ainda no post, Xexéo comparou a cidade do Rio a Berlim, na Alemanha, justificando que existe uma diferença entre o cidadão berlinense que vai para o trabalho de bicicleta, e o carioca, que teria que pedalar no verão da cidade.

O post teve 89 comentários e o jornalista se tornou, como ele mesmo reconheceu na semana seguinte, o “inimigo público número 1 dos ciclistas". A repercussão foi tanta que, logo depois, grupo ciclistas colocou uma placa improvisada na nova ciclovia de Botafogo, batizando o trecho de "Ciclovia Artur Xexéo".

No segundo post, o colunista expôs os xingamentos direcionados a ele e não mudou de ideia em relação às ciclovias. Dessa vez os comentários foram de apoio a Xexéo, e os leitores comentaram a falta de educação dos ciclistas na Internet, comparando o comportamento das pessoas online com o comportamento delas nas ruas. Boa parte dos comentários chega à conclusão do que é preciso para que carros, bicicletas e pedestres consigam conviver no mesmo espaço: educação. 

* Reportagem produzida para a disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, lecionada por Carla Rodrigues.