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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


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Presidente da OAB/RJ critica impunidade aos ditadores

Rodrigo Serpellone - Do Portal

20/08/2012

A sessão Festival Cinema pela Verdade da Caravana da Anistia, na quinta-feira (16), levou a plateia aos prantos. O documentário Repare bem (2012), da diretora portuguesa Maria de Medeiros, antecedeu o debate em que especialistas discutiram sobre o avanço da Comissão da Verdade e a impunidade dos torturadores no regime militar. O presidente da seção carioca da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) pela decisão de anistiar militares e afirmou que a lei apresenta falhas:

– A anistia aos torturadores será nosso maior obstáculo para fazer com que eles sentem no banco dos réus e respondam pelos seus atos como qualquer pessoa. Infelizmente, os processos políticos do Brasil se resolvem com um pacto das elites.

Antes, o filme exibido conta a história de Eduardo Leite, o Bacuri, preso político assassinado na ditadura. Através da família de Bacuri, o longa-metragem mostra como ocorriam as prisões e torturas na época e como os ex-presos vivem hoje. Segundo Ana Petta, coprodutora do filme, o objetivo da obra é contar a luta em busca da verdade, a partir de personagens muito envolvidos nesse processo.

Após a exibição do documentário e o debate dos especialistas, ex-presos políticos que estavam na plateia comentaram sobre o filme e fizeram perguntas aos palestrantes. A anistiada Rosa dos Santos, filha de militante morto durante a ditadura, afirmou, emocionada, que estará na causa para sempre e que não consegue olhar para um militar desde a época em que foi presa:

– Ainda não consigo encarar a farda do Exército brasileiro. Assim como meu pai, criei meus filhos com ideologia comunista. Só sairei da comissão quando todos forem anistiados, mas acho que não estarei viva para ver esse dia – desabafou a ex-presa política, aos prantos.

Também presente no debate, a psicóloga Vera Vital Brasil, integrante do Fórum de Memória do Estado do Rio de Janeiro, afirmou que o Brasil ainda está longe da democracia, pois “a tortura que os pobres sofrem hoje é maior que a dos presos políticos no regime militar”.