Mais de cem pessoas participaram sábado (12) de um protesto contra a derrubada de 113 árvores da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, em razão da implantação de uma estação do metrô no local. Os manifestantes deram um abraço coletivo nas árvores, espalharam faixas pretas e um varal com manifestações de apoio ao redor da praça. A Associação de Proteção de Ipanema (API) recolheu cerca de 2 mil assinaturas num abaixo-assinado contra a retirada das árvores, fora as 10 mil já feitas. O documento seria entregue nesta segunda-feira ao secretário da Casa Civil, Regis Fichtner, e também encaminhado ao Ministério Público.

O projeto original da linha 4 do Metrô prevê a ligação da Barra da Tijuca a Gávea e Botafogo. Porém o governo do Estado modificou o plano, acrescentando Ipanema e Leblon, alegando que este percurso atenderia mais pessoas. O novo projeto seria uma continuação da linha 1 do metrô e passaria pela praça, tombada por decreto municipal.

O vereador Carlo Caiado (DEM-RJ), presente ao encontro, lembrou que esperava a aprovação de um Projeto de Lei que apresentou para garantir a preservação da praça, já que o decreto de tombamento pode ser reconsiderado. O projeto de lei foi aprovado este ano, porém foi vetado pelo prefeito Eduardo Paes.

– Não somos contra o progresso, mas uma estação grande vai destruir a praça – reforçou um dos representantes da associação, Tony Teixeira. – Não há necessidade de fazer mais uma estação, já que há uma na Praça General Osório e haverá uma nova no Jardim de Alah. Se querem construir outra, façam-na em outro lugar. Ainda em defesa da praça, Ignez Barreto, organizadora do protesto, alega que o bairro tem muitas galerias comerciais e imóveis abandonados que poderiam dar lugar à expansão do metrô.

Moradora de Ipanema desde que nasceu, a escritora Angela Adnet, de 68 anos acredita que a segurança das crianças que brincam no local vai ficar comprometida:

– Esta é a praça da minha infância. Além de ser minha, ela é de todos. É um lugar intocável. Vim participar do protesto porque estou revoltada com a agressão que querem fazer a um dos poucos patrimônios históricos do bairro.

Para a vereadora Sônia Rabello (PV-RJ), a construção desta nova estação “é um desperdício”, e as obras estão sendo feitas de forma arbitrária:

– O metrô está sendo imposto sem nenhum planejamento e sem ouvir a sociedade, que não tem sido consultada ultimamente.