Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Campus

Babel embala a rotina de salas, pátios e corredores

Olivia Haiad - Do Portal

05/05/2008

Ao andar pelo campus é difícil não reparar na legião estrangeira que compõe a rotina das salas, pátios e corredores. Desde jovens em rodinhas falando inglês até simplesmente alguém com “cara de gringo”, como dizem calouros surpreendidos com a babel universitária. A convivência com estudantes estrangeiros é embalada pelo convênio entre a PUC-Rio e universidades de outros países. Só no Continente Americano, há 58 parceiras.

No semestre passado, foram acolhidos 270 alunos de intercâmbio. Alguns pertencem à categoria "extraordinários", admitidos sem convênio. Eles passam por uma seleção específica, da qual fazem parte análise de currículo e carta de recomendação. Outra diferença entre os conveniados e os extraordinários está no bolso: os primeiros pagam apenas a mensalidade da faculdade de origem, os demais pagam também a da PUC.

Fanny da Costa, norueguesa de 21 anos, é uma aluna "extraordinária". Chegou em agosto do ano passado, para terminar o curso de Ciências Políticas – equivalente ao de Relações Internacionais. Escolheu a PUC-Rio por "um único motivo": considera o programa de intercâmbio “muito adequado para quem é de fora”. Já adaptada, Fanny vai ao Clube Democráticos, na Lapa, namora um brasileiro e integra uma banda com mais outros dois alunos da universidade. No repertório, MPB e samba, é claro.

A acomodação dos estrangeiros é oferecida pela PUC-Rio por meio do sistema housing. Comandado por Natália Ferreira, da Coordenação Central de Cooperação Internacional (CCCI), o programa abriga os jovens em casas de família. Ao todo, são 150 famílias no cadastro. Por R$ 650 mensais, os estudantes recebem quarto com cama e mesa para estudos e café da manhã. Telefone, internet e outras refeições são negociados. Natália revela que o primeiro contato com os hábitos brasileiros costuma ser um "pouco chocante":

- Alguns estrangeiros têm um choque cultural. As famílias brasileiras criam vínculos de imediato. Elas abraçam, chamam de "meu filho".

A universidade permite que os alunos de intercâmbio encontrem moradias por conta própria. Apartamentos na Gávea, Leblon e Ipanema são os mais procurados. O francês Lucas Gros, de 23 anos, estudante Engenharia, é um dos que optaram pela autonomia - o que não significa uma escolha solitária.

- No meu primeiro ano aqui no Rio morava com um inglês, uma inglesa e uma dinamarquesa. Nós viajávamos para tudo que é lado e íamos a festas de todos os estilos, até baile funk - conta ele.

Lucas também se mostra animado ao falar de um dos pontos de encontro dos “gringos” no campus: as mesas do lado de fora do RDC. Por ter internet wi-fi, atrai estrangeiros e seus laptops ligados.

Antes do início de cada semestre, um curso de português intensivo facilita a vida da turma de outros países. Embora seja opcional, alguns vêm só para fazer o curso.

Além das aulas, os alunos do intercâmbio participam de atividades sociais, como tour pela cidade e o "lanche interamigos", que expõe aos estrangeiros o outro lado da moeda: alunos da PUC-Rio que foram ou vão para intercâmbio no exterior. Fanny achou o lanche uma experiência “muito interessante, porque é difícil como aluno estrangeiro chegar a PUC e se simplesmente se enturmar”. Júlia Martins, estudante do sétimo período do curso de Engenharia de Produção, diz que a convivência com outras nacionalidades nas aulas ajuda a eliminar preconceitos:

- Sempre escutei muito que os alemães eram difíceis de lidar, mas mudei de opinião quando percebi o quão simpáticos são eles.