Projeto Comunicar
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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Campus

Moreira Salles debate com alunos de cinema

Jorge Neto - Do Portal

13/04/2012

 Jorge Neto

“Mostrei meu trabalho para o Rio de Janeiro inteiro, não tem nada mais único que isso”, agradeceu João Moreira Salles após exibir seu documentário Notícias de uma guerra particular a uma plateia formada por moradores de comunidades pacificadas, professores e estudantes da PUC-Rio.

O filme e o debate, realizados na sala 102K, na última terça-feira, abriram o segundo módulo do curso Cinema, Criação e Pensamento, iniciativa do Núcleo de Comunicação Comunitária do Projeto Comunicar com o objetivo de capacitar moradores de comunidades do Rio a criarem cineclubes e produzirem seus próprios filmes. O debate fugiu do filme e se tornou uma aula sobre documentários.

O diretor, que tem em sua filmografia produções como Blues, Nelson Freire e mais recentemente Santiago, além de ser fundador e editor da revista piauí, deu aos estudantes sua visão de sobre como deve ser um documentário:

– Existem dois tipos de documentaristas: aqueles que saem de casa com um roteiro preparado, sabendo exatamente o que filmarão, e aqueles, como eu, que saem com suas câmeras e testemunham o que acontece, sem procurar explicar ou resolver o problema.

Para Moreira Salles, a solução não pode ser exibida no filme. Caso isso aconteça, as pessoas se sentirão menos instigadas a procurar elas mesmas uma saída.

– Deixar as pessoas no desconforto é muito mais fértil do que dar-lhes uma solução no documentário. Temos que fazer o espectador pensar.

Os participantes mostraram uma grande identificação com o filme. Um deles, Itamar Silva, de 56 anos, morador do Santa Marta, em Botafogo, entrevistado no documentário, foi prontamente reconhecido pelo diretor.

– Eu substituí meu pai, que ficou nervoso na hora de falar diante das câmeras – contou.

Itamar, que já havia participado do primeiro módulo do curso, no segundo semestre do ano passado, procura entender exercitar o que aprende sobre os documentários para poder mostrar as “várias leituras dessa cidade e do país em que vivemos”.

Também moradora de favela, Rita de Cássia, de 47, disse ter a expectativa de “acrescentar algo na vida”. A jornalista e radialista de Cantagalo reconheceu parte de sua comunidade exibida no filme de Moreira Salles. Apaixonada por documentários, ela espera produzir um algum dia:

– Sempre trabalhei escrevendo memórias, e gostaria de uma vez fazer algo com meu olhar.

Todos os alunos inscritos têm trabalhos anteriores com cinema ou interesse na área. Os filmes produzidos pelos alunos ao fim de cada módulo podem ser vistos na TV Pixel.