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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Economia

Crescem os investimentos estrangeiros no Rio

Mirelle Serra* - Da sala de aula

13/06/2012

 Divulgação

O Rio de Janeiro entrou no mapa dos investimentos mundiais. O Brasil é o quinto país que mais recebe investimento estrangeiro no mundo, e a expectativa é de que em 2013 suba mais uma posição no ranking, de acordo com o relatório da agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) de 2011, o World Investiment Report. Mas ter saído da 15ª posição em 2009 para a 5ª em 2010 já é motivo para comemorar.

Apesar do aumento acelerado do investimento direto estrangeiro, segundo o Grupo de Análise e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), há indícios de que haja também a entrada de capital especulativo disfarçado.

A diferença entre esses dois tipos de investimentos, o direto e o especulativo, é que o primeiro é de fato investimentos de empresas internacionais em recursos produtivos que geram produção, empregos, renda etc.

Segundo dados do estudo Decisão Rio, da Firjan, os investimentos públicos e privados para o Estado do Rio entre 2011 e 2013 atingem R$ 181,4 bilhões, sendo 75% referentes à área industrial. No estudo anterior, referente ao período de 2010 e 2012, os investimentos programados para o estado alcançavam R$ 126 bilhões. Ou seja, houve um crescimento de 40% nos investimentos.

Já o segundo tipo de capital, o especulativo, não tem intenção de gerar lucro via trabalho e produção, mas está em busca de uma rentabilidade rápida e a curto prazo.

 Divulgação O investidor estrangeiro sabe que se ele aplicar na Bolsa brasileira terá de pagar o IOF (um imposto sob transações financeiras para amenizar investimentos especulativos). Então, em vez de aplicar direto na Bolsa, redireciona esse dinheiro para uma empresa. Essa servirá como intermediária para fazer a aplicação. Ou seja, o que existe é uma operação “triangularizada”: o investidor aplica o capital em uma empresa, que investe na bolsa para ele. E isso não tem como o governo controlar.

De acordo com o economista João Barbosa, professor de Economia do Setor Público da PUC-Rio, há muitos anos o Brasil recebe um grande volume de capital especulativo. E, no caso do Rio, a alta dos preços dos imóveis é prova disso.

– Apesar de muita gente estar vindo morar no Rio, por conta das empresas que chegam ao estado, da Copa, das Olimpíadas, ou mesmo da facilidade de crédito, a alta dos preços não se deve somente a esses fatos. Há capital especulativo também – diz.

Segundo ele, o capital especulativo gera uma bolha imobiliária que pode acabar em crise, já que esse capital entra e sai a qualquer momento: “Isso acaba causando prejuízo na hora em que sai, porque não deixa nada para o futuro”, observa.

– Tem muita gente entrando nessa onda de especular, de comprar imóveis. E, se esse capital especulativo sair do país, os preços caem rapidamente. E muita gente vai acabar perdendo renda, afinal, comprou o imóvel por um preço e vai ter que ver esse imóvel desvalorizar, caindo o preço muito fortemente – acrescenta João.

 Divulgação Apesar da especulação, João reconhece que há também investimento direto na cidade. É o que acredita a economista Mônica Baumgarten De Bolle, professora de Macroeconomia da PUC-Rio. Para ela, é difícil diferenciar o que é especulativo:

– Existe sim uma canalização de investimentos de verdade, seja devido ao polo petrolífero do estado, seja pela siderurgia, ou mesmo a Copa e as Olimpíadas que trazem esses investimentos reais – argumenta. – O Rio possui áreas de interesses internacionais, o que não pode se afirmar em relação a outros estados.

O fato é que o mundo está com os olhos voltados para o Brasil e, principalmente, para o Rio de Janeiro. Se isso poderá daqui a alguns anos acabar em crise, ou se essa será a grande oportunidade de a cidade aproveitar os investimentos e se fortalecer ainda mais economicamente, com infraestrutura, empregos e renda para a população... Isso, só se saberá daqui para frente.

* Reportagem produzida para a disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, ministrado pela professora Carla Rodrigues.