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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Saúde

Saúde é tema da Campanha da Fraternidade

Tiago Coelho - Do Portal

21/02/2012

“Que a saúde se difunda sobre a Terra!”. É com este lema, retirado do livro de Eclesiastes, que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança nesta quarta-feira, dia 22, a Campanha da Fraternidade 2012, cujo tema é “Fraternidade e Saúde Pública”. Desde 1963 a CNBB promove a campanha com o objetivo de levantar temas relevantes para a sociedade, a fim de mobilizar as pessoas pela importância da vida, como definiu Luiz Carlos Dias, secretário executivo da instituição. Dias ressalta que o tema deste ano foi proposto a partir das constantes reclamações dos fiéis que formam a base da Igreja Católica e que dependem do deficiente sistema de saúde pública do país.

– É preciso avançar na melhoria das gestões nos hospitais públicos, nas instalações de atendimento, ser mais cuidadoso com o ser humano – afirma o secretário da CNBB.

Dias lembra que o intuito da campanha, além de alertar para a má qualidade do serviço público, é ampliar o tema para a prevenção, o cuidado com a própria saúde.

– Nosso objetivo não se resume somente à busca de melhorias na saúde pública. Queremos também alertar que a saúde é um dom que deve ser preservado. Devemos estar atentos ao cuidado com nossa saúde, e não esquecer do cuidado com os enfermos, sobretudo com os idosos, que muitas vezes já perderam a força física. Queremos também reivindicar a saúde como direito da população e dever do estado.

Coordenador do Curso de Educação em Saúde (CES) do Centro de Ciências Biológicas e Medicina (CCBM) da PUC-Rio, Flávio Wittlin aponta o subfinanciamento do setor como um dos principais problemas a serem enfrentados, além de afirmar que a formação “pouco humanizada” de médicos e a falta de profissionais na periferia dificultam o acesso universal precário do país.

– A graduação e pós-graduação de profissionais de saúde, especialmente de médicos e enfermeiros, ainda são contaminadas pela formação predominantemente “hospitalocêntrica” e pouco humanizada. O foco é a doença, não o doente. Além disso, há a concentração destes profissionais nas capitais e principais cidades do Brasil, agravando o abandono das periferias – analisa Wittlin, que critica os interesses de corporações de planos de saúde privados e a indústria e comércio farmacêuticos, fazendo “sangrar a saúde pública”.

Integrante do projeto de colaboração internacional com a Escola de Saúde Pública Johns Hopkins dos Estados Unidos, por meio da ONG Viramundo, Flávio Wittlin já esteve em diversas comunidades atuando na área de educação em saúde, conhecendo de perto a realidade daqueles que vivem à margem do sistema público. Além da Rocinha, no Rio de Janeiro, ele já trabalhou em cidades com realidades não muito diferentes da nossa. Para o professor, o direito inalienável à saúde universal e de boa qualidade deve ser entendido como um dever do Estado brasileiro, garantido pela Constituição, e é fundamental a participação e protagonismo da população para a mudança do atual quadro do sistema de saúde pública no país.

– É preciso que a sociedade se mobilize e se organize proativamente, o que requer iniciativa, protagonismo e participação. Nosso Curso de Educação em Saúde da PUC-Rio, em parceria com a Universidade de Cumbria (UK), com facilitação da ONG Viramundo, proporcionamos a troca de conhecimentos científicos e populares acerca de cuidados de promoção de saúde, prevenção e reabilitação de doenças.

O Centro Loyola de Fé e Cultura da PUC-Rio, na Gávea, irá promover dois encontros que tratarão do tema proposto pela Campanha da Fraternidade 2012. O primeiro será no dia 29 de fevereiro, com o tema “A medicina e o projeto de Deus”, ministrado pela enfermeira Cássia Tavares, doutora em Teologia pela PUC-Rio. O segundo será no dia 7 de março e terá a médica psiquiatra Anna Elisa Penalber falando sobre distúrbios alimentares. A entrada é franca e os interessados devem se inscrever pelo telefone 3527-2011, por e-mail (sculturaloyola@puc-rio.br) ou no site da instituição.