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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cidade

Parecia o World Trade Center, compara testemunha

Caroline Hülle e Ligia Lopes - Do Portal

27/01/2012

 Ligia Lopes

Desde a noite da última quarta-feira, 25, o músico Walter Palma, de 48 anos, repete sem se cansar a frase em que sintetiza o desmoronamento de três prédios no Centro do Rio a que assistiu: “Parecia o World Trade Center”. O músico conhecia bem o endereço: morador da região há 10 anos, Walter estava no prédio em frente aos que desabaram quando os prédios ruíram. Durante a aula de informática, Walter ouviu dois estalos e viu pedaços de concreto caindo do edifício Liberdade, de 20 andares, o primeiro a vir abaixo. Cerca de dois minutos se passaram entre os sinais e o desmoronamento. Foi o tempo que ele teve para sair do prédio. 

– O tremor balançou o lugar onde eu estava. Por sorte, fui um dos primeiros a sair dali – comemora.

Conhecido pelo pessoal das redondezas – vendedores de churrasquinho, guardadores de carro –, Walter conta que uma família de catadores de papelão estava em frente à agência do Banco Itaú na Avenida Treze de Maio, 16, um dos prédios que desabaram.

Ligia Lopes – Eles ficavam ali há anos, acho que foram os primeiros a serem soterrados, não tinha como eles escaparem – lamenta Walter.

O músico ficou no local até 1h da madrugada, observando as buscas (veja imagens do local), e voltou na manhã seguinte. Na hora do almoço, a curiosidade atraiu mais pessoas, que tomaram calçadas e ruas, dificultando o tráfego de veículos nas vias não interditadas. O vaivém de caminhões com entulho também prejudicava o trânsito.

O tumulto também estava intenso na Câmara de Vereadores, onde parentes e amigos esperavam notícias. Entre eles, Francisco Adir, conhecido de Flavio Porrozi, 23 anos, que continua desaparecido. Adir conta que as esperanças de encontrar o jovem com vida aumentaram depois que Flavio, já sob os escombros, ligou para a namorada, às 3h da madrugada de quinta-feira. Depois de cinco horas de angústia, a ligação durou tempo suficiente para apenas duas palavras: “Oi, amor”.

– Ele estava no curso de informática. A namorada do Flávio tentou contato direto, até que ele conseguiu telefonar. Não deu tempo de conversar, a ligação caiu e não conseguimos falar de novo – diz Adir, emocionado.

O edifício Liberdade, de 20 andares, desabou às 20h30. A força dos escombros levou abaixo os edifícios Colombo, de 10 andares, e Treze de Maio, de quatro. A tragédia deixou pelo menos oito mortos e seis feridos, e continuam as buscas a desaparecidos.

As causas do desabamento ainda estão sendo apuradas, mas o Conselho Regional de Engenharia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) investiga a suspeita de que uma obra irregular no edifício Liberdade, numa das salas da TO, tenha danificado a estrutura e provocado a tragédia. Leia a reportagem Nova tragédia causada por negligência, com engenheiros e o historiador Milton Teixeira.

Hemorio pede doações de sangue

O desastre invadiu as redes sociais. Além dos burburinhos sobre a causa dos desabamentos, os internautas apoiam no Twitter a campanha de doação de sangue do Hemorio. Para ser um doador, é preciso levar identidade, ter entre 16 e 68 anos – os menores de idade sempre acompanhados pelos pais ou responsáveis –, estar bem de saúde, ter mais de 50kg. O Hemorio fica na Rua Frei Caneca, 8, Centro, telefone 2332-8611.