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Rio de Janeiro, 27 de julho de 2024


Cultura

Publicação reencontra o olhar inovador de Hannah Arendt

Jorge Neto - Do Portal

10/01/2012

 Jefferson Barcellos

O número 29 da revista do Departamento de Filosofia da PUC-Rio, “[o que nos faz pensar]” volta às origens e homenageia a autora que deu nome à publicação, Hannah Arendt, morta há 36 anos. Organizada pelo professor Eduardo Jardim, a coletânea de textos aborda os pensamentos da filósofa alemã, muito atenta para compreender as novidades politicas do cenário contemporâneo.

– Ela era uma autora motivada para entender a novidade na contemporaneidade política – destaca o organizador.

Os 13 textos reunidos, em que pese a pluralidade de apreciações, convergem para uma constatação animadora: Hannah Arendt mantém-se atual, uma referência proveitosa na busca do melhor entendimento da complexidade política do nosso tempo. Embora este seja o fio condutor, Jardim observa que algumas pesquisas exploram o lado espiritual da obra da escritora:

– Há também uma discussão sobre o que é pensar, o seu significado e o de tudo que é a vida espiritual, de uma maneira muito inovadora – ressalta.

Na introdução, o professor da PUC-Rio expõe a trajetória da autora, em cujos estudos se debruça com mais atenção há pelo menos dez anos, e conta o que o levou a organizar o livro. “Quando comecei a ler e a pesquisar sua obra, o que me motivou foi essa perda de critérios e referências para pensar o problema da política, e ela apareceu com uma maneira nova de entender o problema da experiência política”, justifica, com indisfarçável admiração.

Um dos pontos altos do livro revela-se a entrevista com o ex-chanceler Celso Lafer, introdutor da obra de Hannah Arendt no Brasil. Lafer foi o primeiro a traduzir os textos de Hannah – com quem estudou na Universidade de Cornell, nos EUA – para a língua portuguesa, no inicio dos anos 1970. Nessa entrevista, o ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique aborda a recepção da obra da filósofa no país, as publicações recentes associadas a Hannah Arendt e as visões dela sobre política internacional e direitos humanos.

As observações de Celso Lafer preparam o leitor para mergulho no mundo de Hannah Arendt através dos textos organizados por Jardim – responsável também pela tradução de um deles, “A grande tradição”, publicado, pela primeira vez, na revista “[o que nos faz pensar]”. Ao selecioná-los, o professor percebeu um avanço nas abordagens sobre a filósofa, mais "diversificadas e amadurecidas":

– Não se contentam mais em só expor o pensamento da filósofa. Houve um amadurecimento em direção ao questionamento, com avaliações mais críticas, de vários aspectos relacionados à obra de Hannah Arendt. Há também um trabalho sobre a relação dela com outros autores – acrescenta.

Embora considerada "difícil", a obra da filósofa vem se tornando mais acessível no país graças a esforços como o coordenado por Eduardo Jardim. Esta é a segunda incursão do gênero feita pelo professor da PUC-Rio. Há pouco mais de uma décana, ele organizou, em parceria com o professor do Departamento de Filosofia da Federal de Minas (UFMG) Nilton Pinhoto, uma coletânia dos trabalhos apresentados em seminário alusivo aos 25 anos da morte de Hannah,.

Jardim lançou, no fim do ano passado, mais uma publicação dedicada à filósofa: “Hannah Arendt, pensadora da crise e de um novo início” (Editora Civilização Brasileira). O livro apresenta o conjunto da obra e a personalidade da autora alemã.