Projeto Comunicar
PUC-Rio

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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cultura

A favela por si em filmes produzidos na PUC-Rio

Monalisa Marques - Do Portal

19/12/2011

 Foto: Monalisa Marques

Três filmes de um minuto de duração apresentam uma mensagem comum: a favela é capaz de falar de si própria. Trabalho final do primeiro módulo da oficina Cinema, Criação e Pensamento, destinada a moradores das favelas Santa Marta, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Babilônia e Chapéu-Mangueira no segundo semestre, os documentários foram apresentados na última quinta-feira em clima de festa na Sala 102K, uma prévia da estreia, em janeiro, na TV Pixel, instalada em locais estratégicos do campus da universidade.

Sorridente, a aluna Simone Lopes acompanhou a exibição de seu filme, Um território chamado favela, produzido pelos alunos moradores do Morro Santa Marta, com a ansiedade de quem estreia no circuito nacional.

– O curso me deu a noção de que existe outra forma de pensar cinema, movida pela necessidade de mostrar a realidade. O que nós quisemos mostrar no nosso filme é que a favela tem o seu próprio conceito – conta Simone, que critica o uso da palavra “comunidade”: – As pessoas têm vergonha de dizer “favela”, porque virou um termo pejorativo. Então, usam “comunidade”; mas qualquer coisa pode ser uma comunidade.

 Monalisa Marques Para desmistificar o uso da palavra “favela”, o grupo de Simone lançou mão de imagens diretas e expressivas, do tipo que não se vê ao passar apressado pela Rua São Clemente, que dá acesso ao Santa Marta, em Botafogo. Integrante do Grupo ECO, entidade que apoia e promove ações sociais na favela em que mora, este não foi o primeiro contato de Simone com o cinema, mas certamente foi, segundo ela, um dos mais memoráveis.

– Eu já tinha feito alguns cursinhos, mas esse foi diferente porque proporcionou também conhecimento teórico e reflexivo. Aprendi que é preciso pensar no que se quer dizer e na melhor forma de fazer isso, para que o outro entenda a mensagem certa.

Cofundador do Núcleo de Comunicação Comunitária do Projeto Comunicar, responsável pela oficina, o professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio Adair Rocha destaca a importância das aulas teóricas:

 Monalisa Marques – Nossa ideia é trabalhar num curso de cinema que fundamente as favelas para fazer com que as políticas governamentais sejam, cada vez mais, reflexos do que os moradores realmente precisam, e não apenas o tipo de coisa que leva as pessoas de fora para dentro, como um simples teleférico. Quanto mais moradores tiverem fundamentação teórica, melhor será esta relação – conta o professor, que tem o currículo marcado pela reflexão sobre a sociedade. Adair é autor de Cidade cerzida: a costura da cidadania no Morro Santa Marta, dentre outros livros, e gestor público de Cultura na Secretaria das Culturas do Rio de Janeiro.

Animado, o vice-reitor Comunitário da PUC-Rio, Augusto Sampaio, resumiu a iniciativa que deu origem à oficina:

– Esse tipo de evento justifica e viabiliza o adjetivo que nomeia nossa universidade: “católica”, que significa ajudar quem precisa.

Saiba mais sobre o curso Cinema, Criação e Pensamento e assista à aula inaugural com professor Miguel Pereira, coordenador do Núcleo de Comunicação Comunitária do Projeto Comunicar e responsável pelo projeto, com a participação do documentarista Eduardo Coutinho.