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PUC-Rio

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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Um Rio que volta a ser majestade

Glaucia Marinho - Do Portal

24/04/2008

 Thiago Castanho

O campus da PUC-Rio é reconhecido pela sua beleza natural. Grande parte da fama deve-se ao bosque e ao rio que corta o campus da universidade, o Rio Rainha, que hoje sofre com o desmatamento das margens e contaminação de suas águas. O projeto de “Mata Ciliar do Rio Rainha” pretende reverter o processo de degradação que o rio vem sofrendo.


O Rio Rainha nasce na Ponta das Andorinhas, um dos picos da Serra da Carioca, no Maciço da Tijuca, corta a Gávea e deságua no canal da Avenida Visconde de Albuquerque, no Leblon. Seu trajeto já foi outro. O Rio Rainha, que por ironia do destino, já foi chamado de Rio Branco, desembocava na Lagoa Rodrigues de Freitas, passando por toda área de mangue que era o terreno da PUC-Rio. No governo do Prefeito Carlos Sampaio, em 1920, foram feitas canalizações dos rios da Serra da Carioca, e seu destino passou a ser o canal do Leblon.


O rio foi direcionado para o mar, mas antes de chegar lá banha a PUC-Rio, os colégios Teresiano e Constructor Sui, o Parque da Cidade e algumas casas da região. O Rainha foi canalizado em tubos subterrâneos em algumas partes do bairro e parece chegar limpo a PUC. Só parece... Testes de monitoramento da qualidade da água feitos pela Feema, em 2005, comprovam um alto índice de contaminação do rio. O Rainha é vitima constante despejos de dejetos. A Cedae reconhece que a causa do problema são as ligações clandestinas de esgoto.


Desde o século passado, ele vem sofrendo agressões. Em 1930, uma fábrica de feltro na Estrada da Gávea pegou fogo, o incêndio explodiu tanques de óleo e o combustível vazou para o rio. Além disso, a ocupação a Gávea desacompanhada de obras de infra-estrutura contribuiu para a degradação do Rainha.


No ano passado, a universidade realizou o I Concurso de Projetos Ambientais PUC-Rio, lançado na XIII Semana de Meio Ambiente com o tema "Soluções Ambientais para o Campus". O concurso foi pensado como uma forma de pensar a utilização do espaço em sintonia com a natureza.


O projeto "PUC-Rio Carbono Neutro por Mata Ciliar no Rio Rainha” ficou em primeiro lugar. O projeto visa conservar a Mata Ciliar do rio, nome dado à vegetação que nasce nas margens de rios e mananciais. A mata ciliar é uma proteção natural contra o assoreamento, importante no processo de barragem de detritos e para estabilização de barrancos. A ausência dela faz com que a água da chuva escoe sobre a superfície, não permitindo sua infiltração e armazenamento no lençol freático. Com isso, reduzem-se as nascentes, os córregos, os rios e os riachos.


A mata ciliar é uma área de preservação permanente, que segundo o Código Florestal, Lei n.° 4.771/65, deve-se manter preservada. O projeto tem como objetivo a manutenção da mata, o replantio e, como conseqüência, a captura do gás carbono.

O trabalho de reflorestamento já começou. Nas margens do rio foram colocados bambus como forma contenção. Um painel com informações sobre o que é mata ciliar, captura de carbono, quais são as vegetação nativas do local e que plantas foram incorporadas ao projeto (açaí, cedro e ingá) pode ser visto na primeira ponte saindo do pilotis da ala Kennedy em direção ao bosque.


A idéia do grupo vai além do Rainha: eles pretendem criar um inventário do lançamento de carbono no campus em todo o ano de 2007. O projeto conta com o apoio do diretor do Departamento de Geografia, Marcelo Motta, e do Vice-Reitor Padre Josafá Siqueira.