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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Cidade

Antídotos para evitar o colapso do trânsito carioca

Maria Eduarda Parahyba e Thiago Castanho - Do Portal

15/04/2008

 Thiago Castanho

O recém-inaugurado edifício-garagem e a ampliação do bicicletário da PUC-Rio, prevista para junho, acendem a esperança de amenizar os engarrafamentos cotidianos na Lagoa-Barra. Para erradicá-los, alertam os especialistas, é necessário um conjunto de ações mais complexas. O pacote contra o colapso do trânsito envolve desde o cumprimento de antigas promessas, como a duplicação da auto-estrada e a extensão do metrô à Barra, até medidas alternativas, como um sistema de barcas Barra-Centro e ciclovias bem estruturadas.

O diretor de engenharia da Rio Trilhos (Companhia de Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro), Carlos Zavataro, destaca a necessidade de se investir no transporte coletivo para frear o fluxo crescente de automóveis. Ele sugere a implantação da Linha 4 do metrô, até a Barra, como uma estratégia para que “as pessoas deixem o carro na garagem”. 

- Se a quantidade de automóveis nas ruas continuar a crescem, daqui a pouco levaremos da Barra ao Centro o mesmo tempo que levamos para chegar a São Paulo - adverte o especialista.

Nascido há dez anos, o projeto da Linha 4 trafega ainda nas gavetas e nos palanques. Como a duplicação da Lagoa-Barra, foi uma das promessas do Pan. Segundo Zavataro, a falta de recursos mantém as obras no trilho retórico.

- É necessário captar recursos para as obras, tanto o governo como a iniciativa privada - afirma o diretor da Rio Trilhos.

O presidente da Associação de Moradores da Gávea, René Hasenclever, também enxerga na ampliação do metrô uma luz para aliviar o pára-e-anda diário. Um transtorno que dissipa fronteiras:

- Já estamos quase no mesmo caos que em São Paulo. A cultura do automóvel deve ser abolida. As autoridades precisam investir pesado no transporte de massa.

O Centro de Tráfego por Área (CTA) confirma o que os motoristas testemunham: a principal causa do engarrafamento na Lagoa-Barra é a enorme concentração de veículos nos horários de pico (das 06h às 8h30 e das 17h30 às 20h).

A entrada e saída das escolas e do trabalho sustentam a rotina de congestionamentos. Para Hasenclever, o edifício-garagem anexo à PUC-Rio, com 300 vagas, representa uma esperança de alívio do tráfego. Mas ele ressalva que o escoamento do trânsito exige medidas mais elaboradas, como a combinação entre o aperfeiçoamento do sistema de transporte público e a organização dos acessos ao bairro.

Enquanto as soluções apontadas por especialistas trafegam no papel, o emaranhado de pára-choques testa a paciência, a saúde e o bolso dos motoristas (em congestionamentos, o carro consome mais combustível e mais embreagem, por exemplo). Todos os dias o estudante de publicidade Walmir Gonsales Junior vai de carro da PUC-Rio até a sua casa, no início da Barra da Tijuca. Leva, no mínimo, 30 minutos. Ele apóia a ampliação do metrô: “Não resolveria de vez o problema, mas melhoraria o trânsito”.

Outra proposta levantada por especialistas e vítimas dos engarrafamentos é o uso de transportes alternativos. José Lobo, um dos fundadores da ONG Transporte Ativo, propõe a criação de uma estrutura que permita a adoção efetiva da bicicleta como meio de transporte. “Bicicletários como o da PUC são essenciais para que se possa concretizar a viagem por bicicleta”, ressalta. Segundo Marcelo Queiroz, presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), o novo bicicletário terá cerca de 200 vagas e ficará pronto em dois meses. 

Outra medida igualmente importante é a sinalização específica para ciclistas, como prevê o Código de Trânsito Brasileiro. “Esta lei não é respeitada e as bicicletas ficam à mercê do tempo e de vândalos”, lamenta Lobo. Para ele, a simples oferta de mais vagas para carros é insuficiente para aliviar o trânsito.