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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


País

Novas tecnologias ajudam reportagens especiais

Jorge Neto - Do Portal

25/10/2011

As novas tecnologias tornam-se aliadas poderosas para a construção de histórias mais profundas, menos imediatistas, na produção jornalística. Assim acreditam profissionais da área reunidos, esta terça-feira, na PUC-Rio. No encontro mediado pelo professor Leonel Aguiar, coordenador do curso de Comunicação, os jornalistas Luisa Prochnik, do Globoesporte.com; Vinícius Neder, do jornal O Globo e Adriana Barsotti, editora de Pesquisa e Desenvolvimento Digital do InfoGlobo, também foram unânimes ao defender a participação ativa dos leitores e ao contemporizar o risco da simbiose entre jornalismo e entrenimento.

Luisa e Vinícius reconhecem dificuldades em, diante da velocidade com que a notícia circula atualmente, "tirar um repórter do hardnews" (abordagens relacionadas a fatos do dia) para investir o em reportagens especiais, cuja produção revela-se mais demorada e complexa. Vinícius crê que a internet e os aparatos tecnológicos tendem, diferentemente do que alguns imaginar, a facilitar a produção desse tipo de conteúdo:

— Muitos dizem que as novas tecnologias diminuíram as redações, impossibilitando as [reportagens] especiais. Mas, elas tornaram tudo mais rápido. Então, um jornalista que teria de passar o dia inteiro em frente ao Forum, por exemplo, para descobrir o resultado de um processo, o faz em cinco minutos — argumenta.

Leitores, ou consumidores de informação, também ajudam na elaboração das notícias. Ampliam a capilaridade da cobertura jornalística e frequentemente indicam, via mesnagem eletrônica ou redes sociais, um volume crescente de informações, pistas, sobre fatos que podem render boas histórias. Adriana ressalva que esta colaboração não dispensa o compromisso jornalístico com a verificação e a contextualização. 

— Às vezes, publicavam os relatos dos leitores sem nenhuma confirmação. Com a apuração que é feita agora, facilitada pelas novas tecnologias, ficou mais viável a utilização desse recurso — acredita a especialista, mestranda da PUC-Rio.

Responsável pela cobertura de corridas, Luisa reforça que a participação do internauta é "cada vez mais presente nos sites". O G1, lembrou ela, utilizou o relato de um leitor para divulgar o vendaval em Uberlândia. Ainda de acordo com a jornalista, a aproximação com o usuário levou veículos noticiosos, como Globo News, a indicarem procedimentos para a execução, por exemplo, de vídeos. 

A inserção mais ampla de consumidores na produção jornalística aponta para um diálogo maior com o marketing, observam epecialistas da área. Na avaliação de Luisa, a "filosofia mais marqueteira" ainda não representa um perido aos princípios da profissão:

— Essa proximidade entre entretenimento e jornalismo já ocorre faz muito tempo, mas o jornalismo não se tornou entretenimento.

Adriana admite que o entretenimento ganha espaço crescente no dia a dia da mídia, inclusive em produtos jornalísticos. Mas também descarta o risco de contaminação:

— Em jornais populares e nas emissoras de TV, há uma tendência de se valorizar o entretenimento, mas ele não vai matar o jornalismo.