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Rio de Janeiro, 23 de abril de 2024


Cultura

Cineastas apontam caminhos da (boa) crítica

Eduardo de Holanda - Do Portal

21/10/2011

Além de amor pela sétima arte, um crítico de cinema precisa também de uma ótima formação escolar, agregada aos conhecimentos gerais, observa o secretário-geral da Federação internacional de Críticos de Cinema (FIPESCI), Klaus Eder. Ele é categórico: “Se você sabe muito sobre cinema, e nada sobre a vida, você não sabe nada sobre cinema”. A frase serviu de alerta aos estudantes que lotavam o auditório da sala 102k, nesta quarta-feira, para acompanhar o debate “Quem critica a crítica”, depois da exibição do filme “Críticos”, de Kleber Mendonça.

O encontro mediado pelo professor do curso de cinema da PUC-Rio e crítico Miguel Pereira reuniu o também crítico José Carlos Avellar, Eder e o próprio Mendonça Filho. Eles discutidos, por exemplo, o uso de símbolos para as cotações dos filmes e a relevância das críticas. (Veja a íntegra.)

No média-metragem "Críticos", diretores avaliam o peso de indicadores como o bonequinho do Globo. Criticam a forma com que a crítica muitas vezes sintetiza a apreciação num símbolo estético. Por exemplo, a figura de um boneco dormindo. O impacto estético desse símbolo é muito forte, e pode se tornar um problema quando o cineasta vê seu trabalho e de toda sua equipe resumido em um boneco. 

O filme exibiu depoimentos de diversos profissionais do meio, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Foram colhidas ao longo de oito anos, muitos deles em festivais. "Gravei com uma câmera digital menor, e sem refletores, tripés, sem equipamentos elaborados, para extrair depoimentos sinceros, coisas que talvez a pessoa não falasse se o ambiente fosse o de uma entrevista formal", ressalta Kleber Mendonça.

Sinceridade é também o combustível básico dos críticos, não raramente inflamável. Para Eder, o ofício apresenta dois caminhos. Em um ponto da carreira, "é preciso escolher um deles": 

–  Você precisa, algum dia, escolher para que lado vai. Se toma o caminho de escrever sobre os filmes mais famosos, que estão no circuito principal, ou se escreve sobre filmes alternativos, e briga pelo seu espaço para escrever sobre eles.

Os especialistas reuniram na PUC-Rio lembraram que uma crítica profissional, comprometida com o equilíbrio e o esclarecimento, exige, entre outras competências, uma conjugação de conhecimentos. Eder pondera que, por ser uma "arte que engloba várias artes" e cobre diversos campos, como a filosofia, sociologia, antropologia, sociologia, a construção de conhecimentos mais abrangentes é um dos requisitos para um bom crítico.

Apesar do peso da crítica, o secretário-geral da FIPESCI reconhece que, para a captção publicitária, a influências mais representativas:

– A crítica é um trabalho, digamos, pouco eficaz do ponto de vista da propaganda. Trazer estrelas para festivais e festas gera muito mais publicidade do que a mais longa e positiva crítica.