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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Cultura

Quando quatro amigos saem em viagens de aventura

Igor de Carvalho - Do Portal

13/10/2011

Lucas Terra

Quatro amigos se juntam para conhecer realidades extremas, muitas vezes apresentando um cenário de guerra ou de total pobreza, e ainda transformam a aventura em atração televisiva. O jornalista e publicitário André Fran, ex-aluno da PUC-Rio, Leonardo Campos, formado em direito, mais os economistas Felipe Melo e Bruno Amaral (surfista nas horas vagas) são os criadores do programa Não conta lá em casa, do canal Multishow, com quatro temporadas realizadas nos últimos dois anos. Participantes da Semana de Rádio e TV da PUC-Rio, no último dia 29, André e Bruno contaram os bastidores de algumas dessas aventuras, como fazer filmagens na Coreia do Norte. A guia local disse que poderiam fazer registros simples, como turistas. Mas, meses antes, duas americanas haviam sido presas filmando na fronteira.

Do roteiro constam ainda visitas a Mianmar, Iraque, Somália, Haiti, cada país com suas diferenças, problemas e curiosidades. Outro momento destacado pelos apresentadores do programa foi a ida ao Iraque, em pleno contexto de guerras, onde o clima de apreensão e medo os acompanhou durante as filmagens dos dois episódios gravados no país para a primeira temporada.

– Setenta dias após sairmos do Iraque, o hotel no qual ficamos sofreu um atentado, matando várias pessoas que conhecemos e com quem fizemos amizade – contou André.

Bruno frisou que o programa busca desconstruir conceitos com visões diferentes e aspectos pouco explorados dos países visitados, como o Irã, exemplo de cultura "riquíssima" para os apresentadores. Lembrando-se de suas aulas durante o curso de Comunicação Social na PUC-Rio, André confessa que jamais pensou que veria na prática alguns dos ensinamentos teóricos:

– Etnocentrismo e relativismo cultural foram dois termos que aprendi na PUC e que nunca pensei em usar. Às vezes, as coisas são tão estereotipadas que acabamos aceitando isso de maneira orgânica, sem fazer uma reflexão.

Os dois fundadores do Não conta lá em casa acreditam que ainda há espaço na TV brasileira para programas de propostas diferentes. No caso deles, tudo começou ao gravarem na Indonésia pós-tsunami, o que deu origem ao Indo.doc, transmitido no canal SporTV. Foi quando perceberam que era com esse tipo de projeto que gostariam de trabalhar. Bateram na porta de diversas emissoras, oferecendo a ideia.

– Depois de algum tempo, o Multishow nos deu essa oportunidade e logo partimos para o Mianmar. Para fazer a viagem, tivemos de juntar uma grana entre amigos e a família. Na volta, soubemos logo quando estrearíamos, criando nossa própria produtora. Tem que estar na festa para ser percebido – comparou Bruno.

Sobre a origem do programa, baseado em uma produção americana chamada Don't tell my mother – de fato, nem sempre os apresentadores confessam às suas famílias o destino de suas viagens –, Bruno lembra que quando comunicou à mãe que iria para Minmar, ela entendeu que ele iria para Miami, e ele não desfez o mal-entendido para que ela não ficasse preocupada.

– Somos um grupo de amigos desprovidos de pré-conceitos. Procuramos chegar neutros para conhecer os lugares, buscando, de certa forma, ser ignorantes para ouvir e conhecer tudo o que as pessoas têm para nos contar – disse Bruno.