Mais de 1.300 pessoas prestigiaram a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que realizou evento beneficente em prol da Pastoral do Menor da Arquidiocese do Rio de Janeiro na última quarta-feira, 28 de setembro, no Theatro Municipal, na Cinelândia. Nesta segunda edição do evento, a orquestra homenageou o bandoneonista e compositor argentino Astor Piazzolla, que completaria 90 anos em 2011, tendo como solista o bandoneonista argentino Horacio Romo. Na primeira parte, os músicos reproduziram sinfonias de Sergei Prokofiev e Wolfgang Mozart, sob a regência do maestro Roberto Minczuk.
Foram homenageados o bispo auxiliar emérito do Rio, Dom Karl Josef Romer, o secretário de Segurança do estado, José Mariano Beltrame, a Petrobras, José Sergio Gabrielli, o presidente da Light, Jerson Kelman, e o cartunista Ziraldo, todos colaboradores da Pastoral, mantida financeiramente com doações individuais e de empresas.
– Hoje estamos aqui assistindo ao belo, fazendo o bem e tornando as pessoas boas. É muito interessante estarmos juntando o belo, o bem e o bom – declarou o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, ao entregar o prêmio dedicado a Gabrielli.
Beltrame, que também não pôde comparecer – devido à crise na Secretaria de Segurança, com a exoneração do comandante geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, na mesma noite –, foi representado pela mulher, Rita Beltrame. A homenagem da Pastoral ao secretário se deveu à percepção da entidade de que a vida nas comunidades melhorou depois da instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). No agradecimento, Rita declarou:
– Obrigada por mais esse reconhecimento. Meu marido costuma dizer que, quanto mais reconhecimento você tem, mais responsabilidades ganha.
O cartunista Ziraldo recebeu um prêmio por ter desenhado uma camiseta exclusiva para a Pastoral, vendida durante o evento no Municipal. Ziraldo disse se sentir lisongeado pela homenagem e elogiou Beltrame:
– O Rio tem morros fantásticos. Agora temos um morro renovado, aquele que tem a Igreja da Penha. Foi uma dádiva o Rio de Janeiro receber o Beltrame como secretário.
Também estiveram no Municipal os secretários estaduais Sérgio Cortes, da Saúde, e Sérgio Zveiter, do Trabalho, e o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso. Doadores do projeto e jovens beneficiados por ele também escutaram as obras de Piazzolla.
A estudante Mayara Coroleira, de 13 anos, classificou de "maneiro" o espetáculo. Ela pratica atletismo no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes, que pertence à Marinha e coopera com a Pastoral promovendo atividades esportivas. Segundo ela, o projeto a ajudou muito.
É a segunda vez que a orquestra realiza um concerto em benefício da instituição. A Pastoral do Menor foi criada em 1984 por Dom Eugênio Sales e atende crianças e jovens de comunidades pobres. Atualmente, existem 22 polos de trabalho que atuam em 102 comunidades no Rio de Janeiro. Segundo a coordenadora técnica de projetos sociais da Pastoral do Menor, Regina Leão, mais de mil jovens são atendidos por mês e mais de 50 mil já foram beneficiados. Entre as principais atividades oferecidas pela entidade estão um programa de inclusão digital, atividades esportivas e reforço escolar.
De acordo com Regina Leão, o evento não visa somente obter recursos, mas celebrar as conquistas da entidade.
– Os jovens atendidos, seus familiares e pessoas que acreditam no projeto terão no Municipal em uma noite voltada para celebrar a Pastoral.
A Orquestra Sinfônica Brasileira também tem projetos sociais. Um dos mais conhecidos é o Projeto Aquarius, que leva a música clássica a lugares acessíveis ao grande público, como a Quinta da Boa Vista. Já os Concertos da Juventude possibilitaram que mais de 8 mil alunos da rede municipal de ensino do Rio assistissem a apresentações exclusivas da orquestra. Há também programas de formação de plateia para a música sinfônica, entre outros projetos.
Apesar da parceria com a OSB, a Pastoral do Menor ainda não oferece projetos voltados à música, segundo Regina um sonho ainda não realizado pela falta de recursos para comprar instrumentos, pagar professores, entre outros custos.
A apresentação de quarta-feira se realizou quase um mês depois da readmissão de 28 músicos que haviam deixado a Orquestra Sinfônica Brasileira por se recusarem a participar de uma avaliação de desempenho proposta pelo regente Minczuk. Trinta e três músicos insatisfeitos participaram de um programa de demissão voluntária mas foram chamados de volta pela orquestra, com novas condições. Depois de quase um mês de negociações, a maioria dos músicos, com exceção de cinco, retornaram à fundação. Estes artistas integrarão uma nova orquestra, que não terá regência de Minczuk.
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