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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Campus

Só o interativo sobreviverá, prevê publicitário

- Do Portal

07/04/2008

Não podia haver algo mais esquisito: dois adolescentes coreanos, filmados por um celular tosco, no apertado dormitório onde moram, dublam a banda americana Backstreet Boys, fazendo caretas diversas, vestidos com casacos da Adidas. Pois o videozionho ganhou a internet e, conseqüentemente, o mundo. Acabou virando “case” de publicidade. “Se esses meninos chegaram aonde chegaram, é sinal de que, em publicidade, tudo está mudando. Está mudando, não. Tudo já mudou”, disse Bernardo Fernandez, da agência NBS, convidado do quarto encontro do seminário “A publicidade na era digital”, realizado no Auditório do RDC, na PUC-Rio, em 2007.

O tema do debate, coordenado por Kiko Fernandes, era “Comprar a mídia ou produzir a própria mídia?”, e a platéia se divertiu com os exemplos mostrados no telão tanto por Bernardo quanto pelo publicitário Igor Puga, da Lew Lara. Bernardo apresentou-se de forma curiosa: “Eu me formei não em comunicação, mas em engenharia. Pois, lá atrás, eu achava que a tecnologia iria fazer parte do futuro. E, ainda bem, acertei”.

Depois de mostrar dados do mercado consumidor americano – “onde as coisas acontecem antes de acontecerem aqui” –, ele afirmou que “não há mais hora ou lugar para se ver um programa, seja ele de TV ou de qualquer mídia digital”. Bernardo também falou sobre a banda inglesa Arctic Monkeys, projetada graças à internet e atualmente contratada por uma grande gravadora. Arrematou: “A internet, para jornalismo ou publicidade, pode dar mais resultado que a TV”.

Puga iniciou sua palestra descrevendo-se como um “xiita da interatividade”. Aos 26 anos, já passou por escritórios de empresas renomadas, como Salles, IG, Terra, Thompson e África. Hoje gerencia a área de internet da Lew Lara. “Não importa se estamos falando de internet ou não. O que importa é o grau de interatividade, que deve ser alto. Isso pode acontecer até num anúncio de classificados de papel”. Em seguida, decretou:

- Em poucos anos, tudo o que não for interativo simplesmente não vai acontecer.

Para “derrubar preconceitos” e mostrar que “interatividade não tem idade”, ele relembrou aquele que teria sido o primeiro “case” interativo da história da televisão, feito em 1953, nos Estados Unidos, a partir de um desenho animado, “Winky Dinky”. Era época da TV em preto-e-branco e as crianças eram estimuladas a desenhar, em casa, com papel transparente e lápis coloridos, alguns elementos que completariam o desenho, como uma ponte que pudesse ligar, de um lado ao outro do rio, o personagem principal do programa.

- Tudo bem, devia ser bacana, mas eu só fico imaginando o menino tentando grudar o seu desenho na tela da TV. Que cena mais esquisita! - brincou Puga.