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Rio de Janeiro, 20 de abril de 2024


País

Encontro debate o golpe de 64, mídia e política

Caio Lima - Do Portal

05/09/2011

A ideia do “golpismo” imortalizada na época do golpe de 1964 explica as diversas violações constitucionais que voltam à tona na sociedade brasileira atual, como os recentes escândalos de corrupção no governo. Esta foi uma das ideias defendidas pelo professor do Departamento de História da PUC-Rio Oswaldo Munteal, no Encontro de Mídia e Política: 50 anos da Cadeia da Legalidade, realizado na última quinta-feira (1). A mesa-redonda, proposta pelo professor de Introdução ao Jornalismo do Departamento de Comunicação Social José Eudes aos seus alunos, contou ainda com a participação do diretor do Departamento de Comunicação Social, o cientista político Cesar Romero Jacob; do professor do Departamento de Comunicação Social Fernando Sá; e do cineasta e professor de cinema da PUC Sílvio Tendler.

– O golpe militar de 1964 imortalizou a ideia do golpismo na sociedade brasileira – afirmou Munteal.

Jacob ressalvou que o golpe só foi possível graças a erros da própria sociedade civil:

– Antes, quando os militares intervinham de alguma maneira na política, isso era visto como algo positivo pela sociedade. Quando houve o golpe, eles simplesmente não devolveram o poder porque já estavam, de certa forma, bastante envolvidos.

Jacob ponderou que o jogo político do momento que antecedeu ao golpe, ou seja, “entre as elites políticas de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul”, ainda pode ser observado atualmente:

– Os estados queriam ser protagonistas e governar toda a Federação. Embora seja preciso compreender os dois momentos, essa questão não foi resolvida. Um exemplo do jogo dos principais estados pôde ser observado nas eleições passadas, quando Aécio Neves, mineiro, foi fazer campanha para José Serra, paulista, no Nordeste, e “deixou de lado” o próprio estado (segundo maior colégio eleitoral) – destacou o cientista político.

O cineasta Sílvio Tendler lembrou que o domínio do jogo político por essas elites só ocorria porque o mais importante eram os projetos econômicos, e não a democracia. Para ele, o Brasil passou de 1930 a 1994 sem uma plenitude democrática. No entanto, abriu uma exceção:

– Gostando ou não, apenas no governo de Juscelino Kubitschek houve uma democracia de verdade nesse período de 64 anos – opina o professor.

Passado e presente da imprensa brasileira

O professor da disciplina Edição em Jornalismo Impresso Fernando Sá chamou a atenção dos futuros profissionais de comunicação para a importância e pluralidade dos veículos de comunicação de então, e destacou os extremos em relação ao comportamento dos jornais impressos daquela época e atualmente:

– A mídia era muito mais liberal. Os jornais não hesitavam em mostrar suas posições em relação à política, tamanha a diversidade. Era possível saber o que o vizinho pensava pelo jornal que ele carregava embaixo do braço. Hoje, esse posicionamento não existe.

Ouça reportagem sobre a Cadeia da Legalidade.