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Rio de Janeiro, 24 de abril de 2024


Economia

"O Brasil está 40% mais preparado para a crise"

Gabriela Caesar - Do Portal

23/08/2011

"O Brasil está 40% mais bem preparado que em 2008, quando houve a crise subprime", avalia o economista Luiz Roberto Cunha, decano do Centro de Ciências Sociais (CCS). O professor participou, nesta segunda-feira, de uma mesa redonda sobre a crise mundial. Aos cerca de cem estudantes reunidos no auditório da sala k-102, Cunha reforçou o prognóstico de que o país, com o mercado interno “potencialmente forte", suporte relativamente bem as turbulências externas. Esta provável resistência se apoia, segundo o professor, em três fatores: o caixa do Tesouro, as reservas externas e os depósitos compulsórios dos bancos. Ele ressalvou, no entanto, que a crise está longe de acabar. O jornalista Fernando Dantas, do Estado de S. Paulo, concordou que o fim não está próximo:

– Está sendo tratado como se fosse uma recessão, mas ela é mais que isso – alertou Dantas, no debate organizado pela jornalista e professora da PUC-Rio Suely Caldas.

 Eduardo de Holanda  Cunha sugere que tanto a Europa quanto os Estados Unidos passem por uma mudança estrutural em longo prazo. No primeiro caso, ele observa que a moeda comum – o euro – apresenta problemas por “cristalizar” preços relativos e encontra-se "em excesso". Já nos EUA, avalia Dantas (foto), há um conflito político por trás da crise, pois muitas decisões centrais dependem da aprovação da Câmara dos Deputados, na qual o partido de oposição, o Republicano, tem maioria. O decano lembra ainda que, dependendo do país, o impacto dos solavancos econômicos varia. A eleição presidencial da França, por exemplo, seria "um problema a mais" para o presidente Nicolas Sarkozy:

– O euro, para a Alemanha e para a França, representa mais que uma mudança política estruturalmente. A economia europeia está muito ligada pela moeda comum.

Suely recorda que a 2ª Guerra Mundial (1939-45) ajudou a economia de países a se recuperar da recessão de 1929, marcada pela superprodução e pela especulação financeira. Já no cenário atual, ela acredita que as guerras recentes influenciaram o baque econômico:

– Com a Guerra do Iraque e a do Afeganistão, a dívida americana duplicou. Essas guerras contribuíram para que a crise do subprime se instalasse em 2008.

Por outro lado, Cunha recorda que, do ponto de vista econômico, a Guerra do Vietnã foi “uma injeção de recursos muito positiva”. Já Dantas pondera que a crise desse início de século será uma forma de “resfriar naturalmente o superaquecimento dos BRICs, que cresceram muito”.

Os especialistas são unânimes ao enxergar a China como uma espécie de fiel da balança. Com um crescimento forte nos últimos 30 anos, a nova potência passou a ter uma grande influência sobre os rumos econômicos do mundo globalizado. Assim, os professores alertam para o risco de crise agravar-se caso o índice do crescimento chinês diminua.