Mariana Klotz - Da sala de aula
27/03/2008No dia 11 de março, Silvio Tendler acrescentou uma estrela à bagagem de seis longas-metragens e mais de 40 médias e curtas. "Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá" rendeu ao professor do Departamento de Comunicação da PUC-Rio o prêmio TeleSUR e US$ 5.000, no Festival Santiago Álvarez. Premiado também no Festival de Brasília (júri popular) e no Ecocine de Portugal, o filme discute a globalização a partir da perspectiva das periferias.
Em entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, o documentarista conta que, apesar da fase "muito fértil", a paixão de filmar ainda exige esforço para "descolar grana". Especialmente em produções independentes, como a recém-premiada em Cuba – que será exibida no Uruguai e em Omã, no próximo mês. O reconhecimento internacional, anima-se Tendler, é essencial para torná-lo um cineasta "mais viável". Parece modéstia, mas revela-se sabedoria. Sabedoria acumulada nos 40 anos ao longo dos quais o graduado em História, mestre em Cinema-História, especializou-se em documentar a alma brasileira.
- Quais foram as dificuldades encontradas na produção do filme?
- Tendler – Todas. Desde descolar grana até arranjar a equação certa do filme, até acertar as coisas que você vai abordar, as coisas que você vai dizer, a forma com que você vai dizer. E também as coisas que não devem entrar, os cortes, o tempo, a adequação do tempo. O filme é uma obra. Equivale a uma tese de doutorado. Foram cinco anos trabalhando nesse projeto.
- Descolar grana foi a parte mais difícil?
- Tendler – A busca por recursos financeiros é tão difícil quanto fazer o filme. A gente capta recursos em organismos públicos e privados. Hoje, todos os filmes são feitos com a ajuda das leis de incentivo.
- Como foi a recepção em Cuba?
- Tendler – Ótima. As pessoas gostaram muito. É o melhor prêmio do festival. Se ele ganhou é porque o júri gostou muito. A reação do público foi também muito boa.
- Qual é a importância deste prêmio para sua carreira e para o cinema brasileiro?
Tendler – Qualquer prêmio que a gente ganha fora do Brasil é bom para o cinema brasileiro como um todo, porque revela o prestígio internacional de uma cinematografia. Ter ganhado em Cuba e em Portugal é particularmente importante para minha carreira, porque eu me torno um cineasta mais viável: na hora que eu vou fazer meu currículo como cineasta, todo mundo pergunta sobre premiações.
- O senhor vive a melhor fase profissional?
Tendler – O momento está muito fértil. Em maio, serei homenageado no Festival do Cinema Brasileiro em Paris. Eles vão fazer a retrospectiva dos meus filmes.