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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


País

Patriota destaca experiência de Amorim com desarmamento

Gabriel Picanço - Do Portal

10/08/2011

 Gabriel Picanço

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, comentou a nomeação de seu antecessor Celso Amorim para o Ministério da Defesa, no lugar de Nelson Jobim. Após participar de evento na Academia Brasileira de Letras, no Rio, na última sexta-feira, 5, Patriota lembrou que, além do “profissionalismo, talento e conhecimento”, Amorim leva para a Defesa importante experiência de sua atuação no Ministério das Relações Exteriores e nas Nações Unidas. O atual ministro da pasta destacou o trabalho do chanceler na missão de paz no Haiti – de onde Amorim deseja agora retirar as tropas – e na revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.

– O embaixador Celso Amorim levará para a Defesa uma extraordinária experiência com temas que terão relevância na sua atuação, como a questão das operações de paz das Nações Unidas. Ele acompanhou muito de perto o comando brasileiro das tropas da missão de estabilização no Haiti. Ele é um especialista em desarmamento e não-proliferação, chefiou delegações na Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e foi representante do Brasil junto à Conferência de Desarmamento em Genebra.

O ministro ainda ressaltou a importância do diálogo que Amorim sempre manteve com os países da América do Sul, que, segundo ele, será essencial para a manutenção da integração entre os países do continente.

– Ele é um profissional extremamente comprometido com a integração sul-americana. Há poucos anos foi constituído o Conselho Sul-Americano de Defesa, de modo que ele terá a oportunidade de continuar nessa construção de um espaço de paz, democracia, cooperação na América do Sul.

Patriota foi à ABL para participar de uma solenidade em homenagem ao centenário de nascimento de San Tiago Dantas, jornalista, advogado, político, ministro das Relações Exteriores e da Fazenda no governo do presidente João Goulart. Ele não quis comentar a saída de Jobim, demitido do Ministério da Defesa na véspera, após a divulgação do conteúdo de uma entrevista dada à revista Piauí em que Jobim faz declarações polêmicas a respeito de outros ministros do governo. Na reportagem, o ex-ministro refere-se à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, como "muito fraquinha" e diz que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, "sequer conhece Brasília".

Marco Aurélio: "Jobim sem reservas"

Também presente ao evento, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello afirmou que Jobim – que também foi do STF, entre 1997 e até 2006 – estaria acostumado à estabilidade e independência inerentes ao antigo cargo no Poder Judiciário.

– Devemos reconhecer o trabalho desenvolvido pelo ministro Nelson Jobim. Ele não saiu pelo seu trabalho. Talvez ele tenha se acostumado em demasia com a cadeira no Supremo, ou seja, uma atuação sem reserva mental.

Marco Aurélio Mello falou sobre a atuação de Dantas como jurista e professor de direito. Para ele, Dantas foi responsável por importantes mudanças no ensino de direito, e se mantém até hoje como referência.

– O legado de San Tiago Dantas é composto por diversas obras jurídicas, por um alentado curso de direito civil e pela reflexão sobre o ensino, que muito colaborou com a mudança da forma como o direito é lecionado, embora se reconheça que ainda há muito a avançar nesse campo específico.

San Tiago Dantas, precursor da política externa independente

 Gabriel Picanço O presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça, e o acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti também participaram da homenagem a San Tiago Dantas. Para Cavalcanti, embora tenha sido ministro por pouco tempo, Dantas deixou sólida marca na política externa brasileira:

– Ele iniciou os primeiros anúncios de uma política exterior independente, comprometida com os interesses nacionais, afundada em postulados permanentes de confiança no diálogo, no desejo de paz, no respeito aos compromissos assumidos, no comportamento ético, na atenção ativa aos direitos humanos e na busca de igualdade democrática – disse Cavalcanti.