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Rio de Janeiro, 25 de abril de 2024


Campus

Em busca do equilíbrio no uso das mídias sociais

Gabriela Caesar - Do Portal

22/07/2011

 Stéphanie Saramago

A interferência das novas tecnologias, principalmente as mídias sociais, na formação dos jovens movimentou polêmicas no painel desta quinta-feira (21), mediado pelo cônego Djalma Rodrigues de Andrade, reitor da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação (assista ao vídeo). O consultor educacional Ricardo Chagas alerta para uma suposta contradição: apesar do grande número de contatos e seguidores em redes sociais, boa parte dos adolescentes "conectados" dá sinais de isolamento, sem querer sair de casa. Para Chagas, o problema é agravado pela inabilidade de pais em lidar com essa situação. A professora Santuza Naves, do Departamento de Sociologia e Política, apontou o fone de ouvido como outra "marca negativa" das novas tecnologias, um outro emblema do individualismo predominante.

Já a também professora da PUC-Rio Adriana Braga, do Departamento de Comunicação Social, lembrou que registrar comentários e escrever recados aos amigos é um modo de interação. Isso seria, portanto, menos antissocial. "Estima-se que 70% de toda atividade da internet é feita por e-mail", observou Adriana. Ela alertou, no entanto, que o anonimato na internet pode esconder um perfil agressivo e desrespeitoso de usuário.

A cientista social Silvia Ramos, da universidade Cândido Mendes, acrescentou que outras vantagens das chamadas novas mídias são o aumento de opções de leituras complementares e a interatividade com o conteúdo consumido. “Eu lia o mundo pelo jornal. Aquela era a minha fonte. De um tempo para cá, todo mundo passou a ser receptor e produtor de informação. Eu posso responder ao presidente dos Estados Unidos no Twitter”, brincou. Chagas, por outro lado, duvida dos benefícios proporcionados pelos conteúdos veiculados em mídias sociais. Considera que esse admirável mundo novo seja risco ao conhecimento: “Eles [os jovens] têm Twitter e blog, mas vão alimentá-los com quê? Temos uma das gerações mais incultas da sociedade”. Ele critica também a "fama fácil" impulsionada pelas redes sociais: 

– Uma pessoa cujo vídeo tem mais de um milhão de acessos no YouTube vai a programas de TV mesmo sem ter conteúdo algum – argumenta. 

Silvia reconhece que a imprensa ainda é importante para a oferta de informações qualificadas, embora blogs e redes sociais tenham acabado com o monopólio dos veículos tradicionais de comunicação. Assim mostram, por exemplo, os casos de Rene Silva, que tuitou informações da chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ao Complexo do Alemão, em novembro do ano passado, e do blog SOS Bombeiros, em que eles reivindicaram direitos. O potencial transformador dessas novas formas digitais foi ressaltado por Adriana:

– Hoje temos uma concepção de sujeito atualizada que pode praticar política ou cidadania sem sair às ruas, mas que precisa ser convocado para a ação.

 Eduardo de Holanda

Recordando que, nos últimos dez anos, houve diversas invenções na rede, como Orkut, Facebook, YouTube e WikiLeaks, a professora reforçou que o futuro da comunicação "ainda está em aberto". Adriana propõe que a Igreja Católica ajude a disseminar valores positivos nos ambientes digitais:

– A Igreja deveria resgatar, nas chamadas comunidades virtuais, o sentido original e mais profundo da ideia de comunidade: local de acolhimento, respeito e amizade entre iguais, irmãos.