Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2024


Cidade

Irmãs clarissas cultivam clausura e contatos virtuais

Marco Grillo - Do Portal

18/03/2008

Uma casa de cinco andares chama a atenção de quem passa na Rua Jequitibá. Construída entre os anos de 1931 e 1932, a casa abriga o mosteiro de Nossa Senhora dos Anjos, onde vivem enclausuradas 26 irmãs da ordem das Clarissas. Apenas quatro delas têm permissão para sair, desde que seja para fazer compras e ir até o correio. No interior da casa, só médicos estão autorizados a entrar. O isolamento é visto como benéfico pelas freiras:

- É mais silencioso, mais tranqüilo, assim fica melhor para fazermos nossas orações - explica a abadessa, Irmã Maria Pacífica de Jesus.

O clima acolhedor do local chama a atenção dos visitantes e foi fundamental para cativar os freqüentadores mais antigos. Elza Dias Neiva, aposentada, 71 anos é vizinha do Mosteiro e freqüentadora assídua das missas que acontecem na capela:

-Eu acho que sou abençoada nesse sentido, porque ter uma capela com tanto silencio pra rezar, com tanta paz, com tanta gente que só ora, é um privilégio.

As missas são celebradas de segunda a sábado às 7 horas, e aos domingos, às 11h e às 18 h. Às quartas e sextas, as missas são celebradas por Frei Brás, da Paróquia São Francisco de Assis, no Rio Comprido. Jovem e dono de uma voz grave, Frei Brás gosta de entoar cânticos religiosos em suas celebrações. Para isso, conta com a participação das irmãs, que cantam com ele. Como não podem sair da clausura, as irmãs ficam em uma sala anexa à capela, mas separadas por uma grade. E é de lá também que recebem a hóstia das mãos do Frei.

A capela é simples e pequena, com cerca de 90 lugares. Em uma sexta-feira de manhã, a celebração era acompanhada por 10 pessoas. A missa mais concorrida é a das 18 horas de domingo, quando a capela lota e muitos fiéis têm que acompanhar de pé. Depois da missa, alguns fiéis aproveitam para conversar com as irmãs, em uma sala próxima à capela. O contato é feito através das grades, que separam as irmãs da única sala do mosteiro que pode ser visitada. Elas recebem muitos pedidos de orações. Os nomes das pessoas são anotados em um papel e guardados cuidadosamente em uma caixa.

Mas o maior número de pedidos chega por e-mail. Sim, as irmãs Clarissas possuem um site na Internet. Através do www.irmasclarissas.org.br é possível conhecer a história da Ordem, saber o horário das missas e saber sobre a vida de Santa Clara e São Francisco de Assis. Além, é claro, de enviar uma mensagem para as irmãs.

O uso da internet é limitado, apenas duas irmãs têm acesso às mensagens. É uma forma de saber o que acontece além dos muros da casa, já que elas não lêem jornais nem revistas e quase não vêem televisão. Mas as irmãs Clarissas não se queixam desse isolamento. Para elas, nós é que estamos atrás das grades.