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Rio de Janeiro, 15 de junho de 2024


Meio Ambiente

Agenda Ambiental da PUC-Rio propõe novas fontes de energia

Igor de Carvalho - Do Portal

24/03/2011

 Carolina Bastos

Em compasso com a renovada discussão sobre matrizes energéticas, a Agenda Ambiental da PUC-Rio pretende repensar os protocolos utilizados e buscar fontes inofensivas à natureza. A proposta de ajustes no modelo energético da universidade vai ao encontro de uma das principais metas desse projeto: promover o debate de temas relacionados ao meio ambiente, em todos os departamentos, e assim desenvolver projetos para pôr em prática o "pensar sustentável".

Uma parte da energia gerada na PUC-Rio ainda vem de geradores movidos a diesel, utilizados principalmente nos horários de maior uso do campus. Para Fernando Walcacer, vice-diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) e coordenador da Comissão de Sustentabilidade, responsável pela elaboração da Agenda Ambiental, “é preciso e é possível alterar a matriz energética” da universidade. Departamentos como os de Design e de Arquitetura podem colaborar nesse processo:

– Devemos pensar, por exemplo, em placas solares nos edifícios da PUC. É importante reduzir a  dependência das fontes elétricas convencionais – afirma Walcacer.

As metas reunidas no documento que sustenta a Agenda Ambiental desdobram-se em algumas vertentes. Uma das mais emblemáticas é a consolidação de um "campus verde", no qual, por exemplo, o consumo de água seja racionalizado. Práticas como a reutilização da água e a captação de chuva fazem parte dessa iniciativa – cujo êxito, lembra Walcacer, depende da participação de alunos, professores e funcionários. 

– A comunidade PUC tem de pensar o consumo de água e qual é a postura que quer adotar – ressalta.

Avanço ambiental exige rigor nas medições

O jornalista André Trigueiro, professor da disciplina Comunicação e Meio Ambiente, propõe um rigor com os objetivos mensuráveis da Agenda Ambiental, para que se possa precisar, por exemplo, os gastos de água clorada e de energia, e quanto desse consumo pode ser considerado desperdício. “Precisamos saber esses números, utilizá-los em nosso benefício”. Para Trigueiro, "mesmo que a PUC tenha alcançado o nível de excelência, não se deve relaxar":

– A PUC é muito dinâmica. Não é fácil manter esse pique, mas quem passar por aqui deve sentir esse compromisso. Esse é o grande prêmio, e não ter uma placa dizendo que a PUC é sustentável.

 Carolina Bastos 

Walcacer ressalta que a Agenda Ambiental não deve ser vista como um projeto de um departamento ou de um grupo exclusivo. Para que seja efetivamente implantada, reforça o coordenador, deve "pertencer" à comunidade PUC. Esse envolvimento do "capital maior" da universidade" será, ainda conforme Walcacer, essencial na busca de novas fontes de energia e de captação de água:

– Com a inteligência dos membros da comunidade acadêmica, podemos colocar em prática experiências como a das placas solares e de energia eólica.

  Um outro ponto importante desse projeto remete à educação ambiental. Formar profissionais com "visão ambiental" (como engenheiros atentos à biodiversidade dos locais a serem trabalhados) está na lista de prioridade da nova agenda.

– Esse é o grande projeto: introduzir a sustentabilidade na cabeça do profissional que estamos formando – destaca Walcacer – Isso contribuirá para uma mudança positiva na sociedade.

Para ele, que também é professor da disciplina Direito Ambiental, as demandas ambientais "passam por outras áreas dentro do Direito, não tendo um ramo específico":

– O professor de direito penal, por exemplo, deveria dedicar algumas horas para estudar a lei de crimes ambientais e explicar os motivos que fizeram os legisladores elaborarem uma lei específica. 

A cada semestre, Trigueiro cede duas horas de suas aulas para que o diretor do NIMA, Luiz Felipe Guanaes Rego, explique o trabalho do núcleo e prerrogativas da Agenda Ambiental.

– Ao longo do curso, eu estou sempre dando esse toque de que as pessoas que se preocupam com as questões ambientais vão encontrar na PUC convites para trabalho. Quando você se aproxima do NIMA, o que não falta é trabalho – observa.

No recente ranking mundial das universidades que "praticam sustentabilidade", a PUC-Rio alcançou a 55° colocação, de um total de 500 instituições avaliadas. Walcacer acredita que, embora esteja relativamente bem colocada, a universidade "ainda tem muito para melhorar":

– Nosso projeto é fazer com que a comunidade acadêmica e cada novo aluno sintam-se parte desse esforço para avançar rumo à sustentabilidade.

 Carolina Bastos

Os primeiros passos da Agenda Ambiental

O projeto de se criar uma agenda ambiental para a universidade nasceu logo após a viagem do padre Jesus Hortal Sanchez, S.J., ex-reitor da PUC-Rio, para Nova York em 2007. A convite do secretário-geral das Nações Unidas, ele participou um encontro entre reitores de 20 universidades para discutir o tema “Universidades e Sustentabilidade”. A premissa da reunião, conta Walcacer, era de que os problemas ambientais eram "uma realidade"; e alguns, "irreversíveis".

– Se havia alguma perspectiva de mudança na questão da sustentabilidade, certamente partiria das universidades, que estariam mais bem preparadas para propor medidas adequedas às mudanças climáticas – lembra o coordenador.

"Não é mais um documento para enfeitar as prateleiras. Em torno desse propósito, criou-se na PUC-Rio, ainda de maneira informal, um grupo integrado por alunos, professores e funcionários. Durante mais de um ano, eles debateram os desafios ambientais e os caminhos para superá-los.  

– A agenda foi resultado desse trabalho conjunto, com o apoio da reitoria, tanto do padre Hortal quanto do padre Josafá (atual reitor). Ela não pretende ser mais um documento para enfeitar nossas prateleiras. Quer ser um compromisso, ações efetivas para o enfrentamento dessas questões.

Para Trigueiro, a PUC precisa "se pensar nesse terceiro milênio, em um mundo que experimenta uma crise ambiental":

– O mundo mudou e a universidade tem que acompanhar essas mudanças. A sustentabilidade passou a ser um assunto estratégico.

Patrimônio verde no campus

O campus da universidade mostra-se um incentivo à consolidação da Agenda Ambiental. Faz parte do Vale da Gávea, cujas encostas são cobertas por espécies da Mata Atlântica, relacionadas a áreas de proteção ambiental – como o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Municipal Dois Irmãos.

A área verde do campus ocupa 100 mil metros quadrados. Reúne mais de 200 espécies, de variados ecossistemas do Brasil, como do Cerrado, da Amazônia e, é claro, da Mata Atlântica. Para Trigueiro, esse patrimônio cria “um lugar gostoso de estar, de trabalhar”:

– A PUC tem um campus muito aprazível, com espécies catalogadas, o que marca positivamente a universidade. É um patrimônio natural, capital natural. É o conforto e o lado idílico.

Clique aqui para ver mais fotos do patrimônio verde do campus da PUC-Rio.