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Rio de Janeiro, 17 de maio de 2024


Meio Ambiente

"Lembramos desmatamento na Amazônia, mas esquecemos falta d'água em Nova Iguaçu"

Yasmim Restum - aplicativo - Do Portal

16/09/2015

 Paula Bastos Araripe

Apesar da redução de 52,3% da emissão CO2 pelo Brasil, de acordo com o Relatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do IBGE deste ano, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, se mostrou preocupada com a falta de vontade política e de articulação em todos os níveis de gestão pública, e destacou a importância de iniciativas descentralizadas:

– Estamos lembrando o desmatamento na Amazônia, mas esquecendo que está faltando água em Nova Iguaçu. As pessoas perderam o sentido de coletividade. Precisamos inaugurar um novo entendimento de cidadania política, partindo das nossas comunidades – afirmou, na PUC-Rio, na segunda-feira.

O encontro, promovido pelo Centro de Ciências Sociais, foi em torno da Encíclica Laudato Sí (Louvado Seja), do papa Francisco, apresentada pelo reitor da PUC-Rio e fundador do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima), padre Josafá Carlos de Siqueira.

— A Encíclica é revolucionária, pois pela primeira vez a temática ecológica está contemplada. Ela faz uma crítica aos modelos vigentes, mas ao mesmo tempo propõe soluções — avaliou o reitor.

A ministra afirmou ter boas expectativas para os encontros internacionais de 2015 que vão definir os próximos passos na preservação do planeta. Para Izabella, tanto a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no fim deste mês, que receberá o papa Francisco e representantes de 193 países-membros, como a Conferência do Clima (COP21), em dezembro, em Paris, serão “marcos de mobilização global e discussão sobre a mudança do clima”.

 Paula Bastos AraripePara o reitor, fatores como a falta d’água, a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas, presentes na carta, têm graves consequências não só ambientais, mas também sociais:

– A visão consumista da sociedade, que debilita a variedade cultural, é insustentável e destrutiva. Há uma atual concepção de liberdade muito singular e que reduz a discussão plural entre homens e entre sociedade e meio ambiente. A própria cultura do descarte de coisas e pessoas, o crescimento desmedido e o fascínio pela técnica não melhoram as condições de vida do homem porque ainda não entendemos que sociedade e meio ambiente se degradam juntos – analisa.

 Paula Bastos Araripe Para a ministra, “a agenda do baixo carbono e da redução da desigualdade social precisam caminhar juntas” e, para reforçar essa aproximação, Izabella acredita que a Encíclica dialoga bem com a pauta do Ministério do Meio Ambiente:

– O papa vem pedindo um protagonismo maior da sociedade civil como agente transformador e provoca o debate sobre o desafio da qualidade de vida e do engajamento político da população. É preciso estreitar natureza e desenvolvimento humano e, principalmente, legitimar uma agenda de cidades mais ambiciosa, uma mudança de baixo para cima.

Padre Josafá destacou que a Encíclica é um texto de propostas globais, para além do mundo católico:

– Francisco vai numa linha de reflexão ética da doutrina social da Igreja, mas com um olhar reflexivo, inovador para o antropocentrismo. A Encíclica promove um resgate de uma visão mais integradora da humanidade, fruto de uma convergência de preocupações da ciência, da religião e da própria sociedade.