O consumo crescente de informações em plataformas digitais estreita o diálogo entre o mercado e a universidade. Assim sinaliza, por exemplo, o concurso Crie um produto para a Infoglobo, no qual alunos de Comunicação Social da PUC-Rio têm o desafio de desenvolver um projeto jornalístico para celulares com acesso à internet. Orientados por pesquisadores do Programa de Estudos em Comunicação e Consumo (PECC), os estudantes vão apresentar os resultados a executivos da Infoglobo na próxima segunda-feira, na sede da empresa, no Centro.

Os 35 participantes, divididos em nove grupos, elaboram produtos digitais voltados aos jovens. Fora o tipo de conteúdo para smartphone, os projetos devem indicar o modelo de negócios (pago ou gratuito) e a distribuição (onde se encontraria ou compraria o novo produto). Serão avaliados pelo potencial inovador, criatividade e pela adequação a um mercado jovem e conectado. Em princípio, a Infoglobo vai implementar só o projeto vencedor, mas, segundo a pesquisadora plena do PECC Cláudia Pereira, há chance até de a empresa adotar outros. Claudia destaca a importância de iniciativas do gênero para aprimorar a relação entre a academia e o mercado:

– Existe uma troca de conhecimento entre os dois universos por meio do desenvolvimento de pesquisas científicas na PUC. Estes estudos são considerados importantes referências pelo mercado, no sentido de aproximá-lo de um consumidor cada vez mais complexo – observa a coautora, com o professor Everardo Rocha, de Cultura e imaginação publicitária (Ed. PUC-Rio, 2013), coletânea de artigos escritos por antropólogos, publicitários, professores e alunos do Programa de Estudos em Comunicação e Consumo Academia Infoglobo/PUC-Rio.

Ainda de acordo com a professora Claudia Pereira, o recente concurso busca, “assim como todas as atividades do PECC”, oferecer oportunidades de os alunos de Comunicação pensarem soluções para o mercado. Desta forma, contemplam-se as formações específicas e o desejo de construir uma vivência profissional: 

– O interesse maior dos alunos, ao se inscreverem no concurso, é a possibilidade de vivenciar uma experiência genuína de mercado, aceitando o desafio de criar um produto novo e ter a oportunidade de apresentá-lo a possíveis futuros empregadores. Este é o prêmio – ressalta a pesquisadora.

Para a estudante de Jornalismo Larissa Rocha, o cumprir um desafio de mercado é empolgante. Ela conta que a ideia de participar do concurso nasceu quando a colega Mariana Souza, aluna de Publicidade, divulgou a iniciativa no WhatsApp (aplicativo de mensagens gratuitas):

– Adoramos projetos paralelos à faculdade, e aceitamos o desafio na hora – lembra – Estamos nos preparando para suprir as exigências do concurso e fazer uma boa apresentação na segunda-feira.

O grupo de Larissa e Mariana, composto por mais dois estudantes, elabora um produto jornalístico para smartphone com modelo de negócios gratuito. “Não queremos que as pessoas paguem por informação. Desejamos facilitar o acesso a esses conteúdos”, justifica Larissa. A maior dificuldade do grupo, diz a aluna, foi batizar o produto. “Nomear algo é muito difícil. Queríamos um nome que tivesse a ver tanto com o produto, como com juventude e praticidade. Mas no início nada era bom o suficiente”, recorda. O nome? "É surpresa, só no dia 8", brinca a estudante.