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Rio de Janeiro, 17 de maio de 2024


Meio Ambiente

Rio aguarda recuperação da Baía de Guanabara

Elena Cruz* - Da sala de aula

08/07/2013

 Arquivo Portal

As belezas naturais do Rio são um dos principais motivos de orgulho dos cariocas. Agora, projeto do governo do estado de recuperar a Baía de Guanabara para as Olimpíadas de 2016, que há mais de três décadas é aguardado pelos moradores da cidade pode, enfim, ser realizado. Se for bem-sucedido, além de um novo espaço de lazer, o município vai criar uma nova fonte de renda. Mais do que uma questão ambiental, a recuperação da baía representa estímulo à economia e melhora na qualidade de vida dos cidadãos.

A cidade de Sidney, Austrália, viveu uma situação parecida quando sediou os Jogos Olímpicos em 2000. Antes da competição, a Baía de Homebush era alvo de constantes reclamações pela condição em que se encontrava. Na época, o comitê organizador local criou um projeto parecido com o do governo do Rio. Hoje, a região tem águas limpas e se tornou local de prática de esportes.

O governo estadual assumiu o compromisso com o Comitê Olímpico Internacional (COI) para os Jogos Olímpicos de 2016 de, até as Olimpíadas do Rio, coletar e tratar 80% do esgoto de sua região metropolitana. Na promessa também foi incluído o saneamento na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Bacia de Jacarepaguá e no entorno dos complexos esportivos. O projeto está orçado em 1,1 bilhão.

A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara ocupa uma área de 4.198 km². As águas de 44 praias são da baía, que alcança a cidade do no Rio de Janeiro, São Gonçalo, Nitéroi, Ilha de Paquetá e Ilha do Governador.

Fernando Furlanetto, morador da Ilha do Governador, pescava com seu pai todos os domingos quando era pequeno. Ele lamenta não poder ter feito isso com o filho de 22 anos, que não consegue se imaginar pescando naquelas águas sujas.

– É muito triste ver como a baía foi ficando cada vez mais poluída. Hoje, você chega ali perto e não consegue ficar muito tempo pelo mau cheiro. Mas eu tenho fé. Quem sabe um dia eu possa pescar ali com o meu neto – diz, esperançoso.

Além da pesca, com a recuperação da baía, outras atividades poderiam ser feitas, como estudos de biologia marinha ou práticas esportivas. O iatista Marco Grael, filho de Torben Grael, treina constantemente na baía. Se as águas fossem limpas, ele acredita que mais jovens se interessariam em participar do Projeto Grael, que oferece capacitação profissional na área náutica:

– Acredito que as águas não estarão nem perto de estarem limpas em 2016, infelizmente. Com certeza ajudaria todos os esportes náuticos a terem mais sucesso. Água suja, principalmente pra quem inicia, não é agradável, e ainda bota em risco a saúde. Para quem já está acostumado, não tem  roblema. O difícil é chegar neste ponto – afirma.

O problema das águas sujas vai além dos limites da baía, como observa o jornalista e o professor da PUC-Rio André Trigueiro:

– O Rio de Janeiro precisa da qualidade das águas de seu litoral, as praias são um orgulho para nós. É vergonhoso um turista chegar aqui e não entender porque a praia está interditada para banho. O saneamento é um assunto de urgência, é mais qualidade de vida pra quem mora próximo ao esgoto a céu aberto. O saneamento não é básico por acaso.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos municípios que ficam entorno da baía, Duque de Caxias tem o pior saneamento: 18% dos domicílios têm esgoto a céu aberto.

O início do programa de recuperação

  Durante a Rio 92, conferência sobre meio ambiente feita na cidade, foi lançado o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), uma parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Japonês de Cooperação Internacional (JBIC). No ano seguinte, o plano passou a ser executado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). O objetivo inicial era direcionar o esgoto doméstico das cidades do entorno da baía para estações de tratamento, removendo 95% das impurezas. O projeto previa também a despoluição dos rios que desembocam na baía e um programa ambiental, com replantio da vegetação do mangue original da região. Até hoje foi gasto R$ 1,5 bilhão no projeto. Orçado em R$ 1,1 bilhão, o Programa de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara (PSAM) é o novo plano para solucionar o problema. O projeto é financiado pelo BID, com R$ 800 milhões, e o governo do estado, com R$ 330 milhões. O PSAM promete que, até 2016, 16 mil litros de esgoto tratado por segundo deixarão de poluir a Baía Guanabara. O projeto vai aumentar capacidade da estação de tratamento de Alegria e o complemento das redes das estações de Sarapuí e Pavuna.

* Reportagem produzida para a disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, da professora Carla Rodrigues.