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Rio de Janeiro, 14 de junho de 2024


Campus

PUC estuda implantar curso de engenharia de energia

Patrícia Côrtes - Do Portal

22/05/2012

 Jefferson Barcellos

Luiz Alencar da Silva Mello assume nesta terça-feira, 22, o decanato do Centro Técnico-Científico (CTC), que abrange os cursos de engenharia, arquitetura e urbanismo, física, matemática e química. Formado em engenharia elétrica pela PUC-Rio, Silva Mello diz, em entrevista ao Portal, que a posse é apenas uma “formalização”, pois, com a morte do decano Reinaldo Calixto, em fevereiro, ele passou a responder interinamente pelo Centro. Vestido oficialmente do cargo, planeja expandir as iniciativas e disciplinas práticas, "para o aluno pôr a mão na massa desde o início da graduação", e ampliar os convênios externos, principalmente na área de pesquisa. Aposta também na criação do curso engenharia de energia, ainda em estudo. Mas admite que terá de superar alguns desafios: “Nossa principal dificuldade é a falta de espaço físico. Temos recursos, mas a PUC está congestionada”. Por conta disso, laboratórios serão transferidos, já a partir de julho, para o prédio da Petrobras anexo à universidade.

Durante a cerimônia de posse, o reitor da universidade, padre Josafá Carlos de Siqueira, ressaltou que o momento das engenharias é favorável às mudanças no CTC:

– O crescimento no mercado de engenharia é um momento oportuno para investir na área de pesquisas, com a competência que já temos.

Portal PUC-Rio Digital: O que mudará no CTC com a sua gestão?
Silva Mello:
Na verdade, essa mudança de decano é uma transição, nada radical. Eu já era há dois anos vice-decano do CTC e, desde fevereiro, respondo pelo decanato interinamente. Então, estou trabalhando nos mesmos projetos, com os mesmos objetivos. Agora só estamos formalizando a minha posse por mais dois anos.

Portal: A que projetos o senhor se refere?
Silva Mello:
Continuarão sendo desenvolvidos os projetos de melhorias nos cursos de graduação, que vêm funcionando ao longo de seis anos. Pretendo também aumentar o número de convênios externos e melhorar o gerenciamento deles.

Portal: Como são esses convênios?
Silva Mello:
A PUC tem uma atuação muito importante nesse setor: metade do orçamento da universidade vem daí. São projetos de pesquisa, dos quais um dos principais clientes é a Petrobras. Cresceram tanto que criamos até um setor específico para gerenciar isso.

Portal: Em relação aos cursos de graduação, como o senhor pretende melhorá-los?
Silva Mello:
Esse é o projeto que eu considero mais importante. Ele acontece em várias frentes: adoção de novas tecnologias, reforma dos currículos e a criação de novos cursos. Ao longo desse tempo, criamos os cursos de engenharia do petróleo e engenharia de nanotecnologia, e existem estudos para criarmos o curso de engenharia de energia. Em consequência disso, montamos, há um ano, o Núcleo de Estudos em Engenharia, que concentra todos esses planos.

Portal: O CTC continuará abrindo novos cursos?
Silva Mello: Estamos atentos à demanda do mercado. No curso de energia, a proposta é focar em soluções ecológicas, com uma abrangência além dos cursos de petróleo e elétrica. O processo é de finalização; só falta dar um polimento no currículo e passar pela burocracia. Não sei se vamos conseguir lançar em 2013, mas de 2014 não passa. Pensamos, também, em abrir um de engenharia de automóveis, mais à frente.

Portal: O senhor pode explicar melhor as mudanças nos currículos?
Silva Mello:
É possibilitar práticas desde o começo do curso, tendo o aluno com a mão na massa. É muito parecido com o que faz a Comunicação, que tem um jornal e o Portal na internet. Significa associar o ensino teórico tradicional com o ensino prático. A partir daí nasceu a disciplina Introdução à Engenharia, por exemplo, que, já no primeiro período, põe os alunos em contato com a criação de um projeto próprio, interligado a outras matérias do curso. Mas não é nada radical, afinal já temos um ensino bastante sólido e respeitado. Além disso, com o aumento do número de alunos, teremos que acelerar a implantação de novos laboratórios.

Portal: Quais são os principais desafios para alcançar tais objetivos?
Silva Mello:
Por causa do antigo processo de desindustrialização do país, a área que o CTC abrange sofreu uma baixa. Mas as novas políticas e o crescimento econômico do Brasil reacenderam o interesse por estes cursos. Na graduação, o número de alunos cresceu 50% nos últimos cinco anos. Pulamos de 2.500 estudantes para 3.400. Desta forma, o principal problema é o espaço físico. Temos os recursos para os novos laboratórios, por exemplo, mas a PUC está congestionada. Há também o desafio, e esse não é só para o meu setor, da renovação dos quadros de professores e pesquisadores.

Portal: Como o senhor pretende superar esses obstáculos?
Silva Mello:
O que vai nos ajudar e possivelmente resolver o problema do espaço é o acordo firmado com a Petrobras: vamos transferir as pesquisas para um prédio deles a partir de julho. Vamos levar primeiro os laboratórios leves, como os de Computação, que são basicamente mesas, cadeiras e computadores. Os que exigem grandes estruturas e equipamentos pesados, como os de Engenharia Química, Mecânica e Civil, serão levados até o fim de 2013 ou começo de 2014. Quanto à renovação dos quadros, a geração responsável por nos dar a posição de universidade que mais concentra notas máximas na avaliação dos cursos de pós-graduação estará se aposentando até 2020. A substituição será um processo contínuo de concursos. Iremos aproveitar a boa situação do país para trazer gente competente para cá.

Portal: A excelência acadêmica tem se refletido no aproveitamento dos novos talentos pelo mercado?
Silva Mello:
O mercado recebe bem nossos recém-formados. O nível de empregabilidade beira os 100% nos primeiros seis meses. Isso acontece, principalmente, pela boa base que o ciclo básico oferece para quem está chegando. Ali, o aluno fará matérias comuns a cada habilitação do seu curso, terá uma visão abrangente de cada área, com cargas grandes de matemática, física e química. Só depois escolherá o que vai fazer, especificamente.